Nos tempos do escritório resolvemos apostar semanalmente na mega-sena. A Eli, nossa secretária executiva ficou encarregada das apostas e respectivas conferências. Junto com a aposta coletiva aproveitei para incluir uma aposta simples e individual. Era uma seqüência de números fruto de um sonho que eu tivera muito tempo antes e quase nunca utilizada para aquele fim. Recordo dos números quatro (4), dez (10), quatorze (14) e trinta e quatro (34). Já não tenho certeza dos números faltantes.
Nunca ganhamos nada, ou quase nada. Num final de ano, no período de férias coletivas, eu estava na praia quando recebi um telefonema da Eli. Pelo tom da conversa parecia ter ocorrido algo grave. Toda sem jeito e pedindo desculpas antecipadas, ela começou a relatar uma falha de sua parte e estava disposta a arcar com os prejuízos. Procurei acalmá-la. Então ela me disse que havia falhado no controle das nossas apostas. Em resumo: ela havia apostado duas vezes para o mesmo sorteio.
Logo tratei de acalmá-la pois sabia da sua honestidade e competência, além do que, tudo ficava mais atrapalhado naquela época do ano. E por fim, o valor da aposta adicional não representava nada mais do que uns poucos trocados. Ela agradeceu pois ficara aliviada. Ótimo. Desejei-lhe boas festas, etc, e então ela me interrompeu para dizer que havia mais. Gelei.
Uma das apostas, ela acrescentou, tinha acertado na quadra o que daria um prêmio de R$ 256,00. Mas como as apostas foram dobradas, o prêmio também o foi. Então eu quis saber se era o cartão coletivo ou o meu cartão individual mas ela não tinha este controle. Então, sem que ela antecipasse nada, eu pedi para ela anotar os números do meu cartão individual.
Logo ela retornou para informar que era exatamente o meu cartão o premiado. Orientei-a a retirar o premio e aguardar o retorno de todos os sócios após o período de férias.
Na primeira reunião do novo ano eu comuniquei o ocorrido aos demais sócios. Eles foram unânimes em deixar-me completamente à vontade para receber o premio de forma integral. Mas então eu indaguei deles qual seria a posição de todos se ao invés da quadra o premio fosse a própria mega-sena.
Aquilo serviu de reflexão que culminou na elaboração de um documento onde foram fixadas as condições para a apuração de haveres em caso de falecimento ou mesmo de retirada de qualquer dos sócios.
Foi uma medida altamente tranquilizadora, principalmente para prevenir conflitos e dar segurança aos familiares.
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