O "seu" Pinheiro tinha quase dois metros de altura. Pernambucano. Crioulo forte, cara séria, mas um tremendo gozador. Trabalhava para uma indústria de fornos para padaria de Curitiba e tinha como especialidade a instalação de tais equipamentos.
Certa feita deslocou-se para uma cidade do interior gaúcho para montar um desses fornos.
O dono da padaria, como sempre acontece nestes casos, adquiriu o material relativo à alvenaria e colocou dois pedreiros à disposição do fabricante do forno, para edificar as paredes na medida em que o equipamento ia sendo montado.
Pois bem. Os dois pedreiros, amigos que eram, e descendentes de italianos, conversavam animadamente em dialeto.
Decorrido um certo tempo, o nosso amigo Pinheiro, já cheio daquela da conversa da qual não entendia nada, estancou, sem precisar fazer cara feia (já era ao natural), deu um berro em direção dos dois:
- Que conversa é esta de que eu sou corno? vocês vão ter que provar isto.
- Assustados, os dois pedreiros tentaram argumentar:
- Mas "seu" Pinheiro, o que é isto? Nós não falamos nada do que o senhor está dizendo.
- Então vocês pensam que eu não sei que estão falando de mim, gozando da minha cara, dizendo que enquanto eu estou aqui trabalhando, longe de casa, a minha mulher está se divertindo com outros homens?
- Não é verdade "seu" Pinheiro. Não falamos nada disso...
- Não adianta se desculpar. Vocês falaram que sou corno e vão ter que provar.
E eles, numa tentativa desesperada:
- "Seu" Pinheiro, ....
O nosso amigo, vendo a aflição dos dois emendou:
- Pois muito bem. Mas para que não falem mal da minha mulher, que por sinal é uma santa, tratem de falar português...