Aos poucos vamos nos familiarizando com a presença de pessoas próximas do nosso endereço e assim vamos identificando o que fazem e o que deixam de fazer.
Há um pedinte que é cadeirante. Para pedir algum trocado ele utiliza o método universal de estender o braço, segurando a tradicional latinha contendo algumas moedas, fazendo-as tilintar.
Tem olhos claros, brilhantes e inchados. O rosto é um tanto avermelhado e quando fala alguma coisa, não consigo identificar qualquer palavra e nem mesmo o idioma.
Tais características me levam a crer que se trata de alguém originário do leste europeu.
Bem próximo do nosso prédio e do ponto do tal pedinte, há uma unidade dos mercados Monoprix, onde sempre compramos os mantimentos necessários para o nosso dia-a-dia.
Ao voltar de Menton, cumprimos a rotina de compras: pão, água, frios, frutas, vinho e só não encontramos o saboroso café solúvel ao qual nos acostumamos.
Na fila do caixa havia uma senhora na nossa frente e eis que o nosso conhecido cadeirante/pedinte aproximou-se, falou qualquer coisa para aquela senhora e se colocou à frente dela. Por ser cadeirante, suponho, ele tinha direito ao atendimento prioritário, tanto que aquela senhora não reclamou de nada.
Ele falou qualquer coisa para o caixa e colocou no balcão a mercadoria que estava adquirindo: uma garrafa de 350ml de vodka, pagando com moedas que ele as retirou do seu instrumento de trabalho, significa dizer, da latinha.
Ao voltar para o apartamento passamos por ele, que por sua vez, continuava em plena atividade, aparentemente satisfeito da vida. Talvez seus olhos inchados e o vermelhão do seu rosto tivessem uma causa lógica.
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