Cada pessoa que se dispõe a viajar para o exterior o faz movido por razões particulares. Há os que gostam de visitar sítios arqueológicos, outros que curtem o visual dos Alpes, outros ainda o charme de Paris, tudo sem falar dos inúmeros roteiros alternativos, como do turismo religioso, por exemplo.Há quem passe grande parte do seu tempo dentro dos centros de compras/
Cada viagem tem a sua própria história, mesmo que os lugares visitados sejam os mesmos de viagens anteriores. Sempre há a possibilidade de almoçar ou jantar num restaurante diverso daquele de outras visitas.
Há os que não se adaptam à culinária estrangeira, oferecendo ferrenha resistência ao mais inocente dos pratos, desde que o visual ou a denominação não lhe sejam minimamente familiares.
Também há aqueles turistas que se aventuram com o dinheiro muito bem contado e aí a questão assume outros contornos. Numa viagem recente havia um casal de argentinos que todos os dias, no café da manhã, enchia uma sacola de sandwihs e frutas e tudo era consumido na hora do almoço.
Conhecer outros povos envolve entrar na sua cultura, colocar-se no lugar deles e a partir daí buscar a compreensão do por que disto ou daquilo. Experimentar pratos típicos, embora muitas vezes, nós turistas, pobres mortais, sejamos engambelados, mesmo assim se tem a noção de alguns aspectos culturais do lugar visitado.
A escolha do prato dentre um sem número de sugestões num cardápio cheio de nomes sofisticados nem sempre resulta satisfatória. Será ótimo se der certo mas existe o risco de o pedido ficar aquém da expectativa. É o risco que se corre quando o propósito é evitar os lanches rápidos, nem sempre saudáveis e muitas vezes mais dispendiosos.
Bem, não gostar do nome ou da aparência de determinada comida, chega a ser compreensível. Mas sair do Brasil para conhecer a França levando consigo a pré-disposição de rejeitar quaisquer pratos é um exagero.
Uma colega de excursão, ao que se sabe bem situada financeiramente, não gostava de nada, ou melhor, só comia arroz com ovos fritos. Não há dúvidas que para nós brasileiros é uma combinação das mais apreciadas mas a nossa colega não pedia outra coisa.
Mas este não era o problema. A questão mais grave estava em que ela não sabia se expressar em outro idioma que não fosse o português o que implicava uma tarefa nem sempre muito simples para a nossa guia.
Se é certo que a culinária faz parte da cultura de um povo, o gosto por arroz branco e ovos fritos é coisa tipicamente brasileira e nada tradicional em solo francês. Significa dizer que a cada refeição, o pedido especial daquela viajante excêntrica se transformava numa novela com direito a gran finale.
Primeiro, havia a dificuldade para explicar ao garçom o que aquela senhora desejava. Depois, como o prato devia ser preparado, o ponto de cozimento dos ovos e o arroz branco bem soltinho. Dadas as explicações ao garçom, ficava a expectativa quanto à competência na transmissão do pedido ao chef.
Finalmente, se a preparação do prato não atendesse às exigências daquela senhora, o clima ficava pesado, tão pesado quanto ela. Muitas vezes me perguntei a razão pela qual uma pessoa sai do seu mundinho tranqüilo e se mete a viajar pelo mundão, tão somente para se irritar e para estragar o passeio dos outros.
Um psicólogo teria naquela mulher um precioso material para uma tese de doutorado.
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