sábado, 8 de março de 2025

ROMANCE FORENSE

Contos de fadas no mundo jurídico

O pai, juiz de direito, incumbido de fazer dormir o filho (sete de idade) – desde pequeno afeito ao mundo jurídico - apela para velhas histórias infantis. Retira da estante o livro “Os Melhores Contos de Fadas” e explica à criança:

- É um livro que ganhei quando era pequeno. Nele estão os melhores contos.

O rebento empolga-se. O pai começa com a Branca de Neve.

- Era uma vez uma linda e jovem donzela, que morava no meio da floresta com sete anões e...

- Pai, para! Você vai me contar pornografia? A mamãe falou que não pode! Ora, uma moça sozinha com sete homens na floresta...

Surpreso, o pai acolhe a “tese” do filho e passa para outra história.

- Certo, filho, vamos para outra. Tem essa aqui da Bela Adormecida.

E assim conta a fase da vida da princesa que é enfeitiçada por uma maléfica feiticeira. Quando relata que ela está adormecida e o príncipe a beija, o filho interrompe:

- Pai... pornografia não pode!

- Como assim, guri?

- Esse homem aí abusou da coitadinha, que estava dormindo! Ele deve ter colocado algo na bebida dela, igual passa na tevê, naqueles casos do ´boa noite, cinderela´... E beijo não precisa ter a concordância dos dois?

- Mas é que...

- Foi abuso de menor, porque ela estava indefesa, né, pai?

O juiz-pai, já se conformando com a esperteza do filho, passa a outro conto.

- Vou te contar sobre a Cinderela, ok?

- Ah, essa eu já ouvi falar. Coitada, né? Era empregada sem registro, não tinha FGTS, horas extras, nada... Passou na tevê também!

Surpreso com a precoce sapiência jurídica do filho, o juiz tenta passar outra história: João e Maria. Conta que os dois eram irmãozinhos que viviam na floresta e que se perderam, até que uma bruxa os encontrou e...

- Pai!

- Que é, guri?

- Eles não tinham GPS?

- Isso é de uma época que não existiam estes aparelhos.

- Humm... e o Ministério Público não protegeu as crianças?

O pai, incrédulo com seu pequeno gênio jurídico, dá-lhe uma última cartada:

- Olha só, doutorzinho! Vamos fazer o seguinte. Vou ler uma última história. Senão, é cama já, sem resmungos e sem recursos, ouviu?

- Sim, meritíssimo!

O pai inicia com a história do Patinho Feio:

- Era uma vez uma pata com seus patinhos, todos bem lindinhos. Só um deles que era bem feinho, e...

- Ô pai! Assédio moral não, né?

Texto resumido a partir de um dos 25 contos de “O Lado Hilário do Judiciário”, livro de autoria do advogado catarinense George Willian Postai de Souza (OAB-SC nº 23.789).

Fonte: www.espacovital.com.br
Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade. (Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro)

LUGARES

VALÊNCIA - ESPANHA

O Museu das Ciências é um edifício desenhado pelo famoso arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Consta de três plantas, cada uma delas com cerca de 8.000 metros quadrados de superfície expositiva.

FRASES ILUSTRADAS

sexta-feira, 7 de março de 2025

EVGENY KISSIN

  LA CAMPANELLA

A vida é maravilhosa se não se tem medo dela. (Charles Chaplin, artista inglês)

LUGARES

ORTÍGIA - ITÁLIA
Ortígia é uma pequena ilha italiana onde se encontra o centro histórico de Siracusa, Sicília. Segundo a lenda, recebeu o nome de Ortígia quando os deuses a deram a Ártemis; as ninfas da ilha fizeram brotar a fonte de Aretusa para agradar Ártemis. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

quinta-feira, 6 de março de 2025

A MENTIRA COMO VERDADE

Ruy Castro

Os que hoje gritam cinicamente por liberdade de expressão querem usá-la justamente para suprimi-la

O principal canal de Donald Trump para disseminar mentiras chama-se Truth Social —Confederação da Verdade ou algo assim. É a rede social fundada por ele em 2021, destinada a disparar textos, posts e arquivos para os lorpas americanos. Mas, se a extrema-direita acha que essa tática de fazer da mentiraa verdade é de sua invenção, engana-se. Foi usada com grande sucesso pela União Soviética de 1917 a 1991, através de seu jornal oficial, Pravda, editado pelo Partido Comunista com a função de encobrir os crimes do Estado. Pravda, em português, quer dizer verdade.

Em "1984", romance de George Orwell, a mentira era também a especialidade do Ministério da Verdade, órgão dedicado a "corrigir" periodicamente a história, falsificando informações e convertendo antigos heróis em inimigos do regime. Seu slogan era "Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado". Seu modelo era o mesmo Pravda, que apagava das fotos os velhos revolucionários que tinham se voltado contra Stálin.

Outra tática dos comunistas era inverter o sentido de certas palavras. Os países-satélites da URSS no Leste Europeu, tristes ditaduras subjugadas a Moscou, eram chamados de repúblicas "populares" ou "democráticas". O povo a que elas se referiam era o Comitê Central do Partido Comunista local, que supostamente o representava. Da mesma forma, na Alemanha, o nazismo era uma abreviatura de "nacional-socialismo". Não tinha nada de socialista, mas a palavra ajudou-o a consolidar-se.

Corromper palavras é típico dos autoritários de qualquer cor política. Bolsonaro e seus esbirros, adeptos da ditadura militar que asfixiou o Brasil por 21 anos, têm o cinismo de gritar por "liberdade de expressão" —liberdade que querem usar justamente para suprimi-la se voltarem ao poder. É o mesmo cinismo com que dizem "o Brasil acima de tudo" enquanto municiam Trump para afrontar a soberania brasileira.

O perigo não está só na mentira, mas, pior ainda, na mentira como verdade.

Fonte: Folha de S. Paulo

AS PREOCUPAÇÕES DO MUNDO

José Horta Manzano

O Ipsos, conhecido instituto francês de pesquisa de opinião, leva a cabo um estudo permanente em 29 diferentes países (entre os quais o Brasil) para aferir as inquietações dos respectivos habitantes.

Ao entrevistado, é apresentada uma lista de 18 tópicos de sociedade. Pede-se que ele selecione os três que lhe parecem os mais preocupantes. Os resultados são frequentemente evidentes, às vezes curiosos, sempre interessantes.

A edição mais recente acaba de ser publicada, com os dados de fevereiro de 2025. Sem surpresa, a maior preocupação do brasileiro (38%) são o crime e a violência, tópico que incomoda muito pouco os habitantes de Singapura, onde foram citados por somente 7% da população.

Na Argentina, desde que a inflação desenfreada dos últimos anos arrefeceu, na esteira das reformas de Milei, a população parece ter recuperado o sorriso. A confiança na economia subiu 28 pontos com relação ao mesmo período do ano passado. O castigo da hiperinflação dos anos recentes foi tão pesado, que hoje estão todos se sentindo aliviados, apesar de a situação ainda estar bastante complicada.

Já a perocupação dos brasileiros quanto à inflação, está crescendo no sentido contrário ao dos argentinos: mais confiança lá, maior preocupação aqui. Até o ano passado, no Brasil, o dragão da inflação parecia adormecido. Este ano, a população está sentindo que o dragão acordou.

A pobreza e a desigualdade social, como era de se esperar, empata com a criminalidade na preocupação dos brasileiros. Mesmo os cidadãos cuja posição social está distante dessa categoria, sentem que aí reside um dos maiores males nacionais. Uma curiosidade: no Japão, uma porcentagem elevada de cidadãos (33%) mostra preocupação com o aumento da desigualdade social no país. Visto de fora, não imaginaríamos que fosse essa uma das inquietudes japonesas.

O desemprego não parece estar entre as preocupações nacionais do momento. O Brasil é o 21° (em 29) na lista dos que receiam o desemprego. Já a Argentina aparece em 3° lugar na mesma lista. O contraste entre as duas maiores economias da América do Sul é grande.

Quanto à preocupação com a corrupção política e financeira, o Brasil aparece no meio da lista, próximo da média mundial. Não é que o brasileiro não perceba a corrupção que rói as entranhas da nação; eu diria que nossa indiferença é reflexo do desalento e da certeza de que, por mais que façamos, a classe política continuará a negar-se a servir ao povo para poder servir-se do dinheiro do povo.

O tópico que mais me impressionou foi o das mudanças climáticas. Entre os países que se preocupam com as mudanças no clima da Terra, o Brasil está em 18° lugar (entre 29 países). Ou seja, estamos longe de nos preocupar com o estado do planeta que vamos deixar para nossos filhos e para os que virão depois.

Nossas catástrofes climáticas dos últimos tempos (entre as quais, enchentes diluvianas no Rio Grande, labaredas espontâneas a lamber o Pantanal e a Amazônia, seca saariana no Rio de Janeiro) parecem não ser suficientes para sacudir a percepção do brasileiro e alertá-lo para o cataclisma em que já pusemos o pé. E que nos obriga a entrar na roda, queiramos ou não.

Há fenômenos naturais que não podemos combater por serem mais fortes que nós. Assim mesmo, temos meios humanos à nossa disposição para mitigar os efeitos de catástrofes. Cabe às nossas autoridades (federais, estaduais e municipais) investir em campanhas de esclarecimento da população. Cada um pode (e deve) fazer a sua parte. Tudo se aprende, que ninguém nasceu sabendo.

Fonte: brasildelonge.com

Essa é a verdadeira alegria na vida, ser útil a um objetivo que você reconhece como grande. (George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês)

LUGARES

LES ANDELYS - FRANÇA

Château Gaillard ( "Castelo Forte") é um castelo medieval em ruínas,[2] localizado a 90 metros acima da comuna de Les Andelys com vista para o Rio Sena, no departamento de Eure na Normandia, França[3][4][5]. A construção começou em 1196 sob os auspícios de Ricardo Coração de Leão, que era simultaneamente rei da Inglaterra e duque feudal da Normandia[6][7][8].

FRASES ILUSTRADAS

quarta-feira, 5 de março de 2025

CINEMA

Rádio e cinema se completavam como divertimento e cultura. Minha iniciação ao cinema ocorreu no início dos anos cinquenta com dois filmes que a memória insiste em guardar. No meu bairro, antes mesmo da construção do convento das carmelitas existia uma propriedade que suponho era dos Padres Paulinos. Nela havia uma construção de madeira, um pavilhão de apenas um pavimento. Pelo tipo de material existente em seu interior, concluo que naquele local funcionava a gráfica dos paulinos. Atrás da construção havia um campo de futebol e mais para os fundos havia um pequeno prédio edificado com pedras, muito antigo. Naquele local tomei conhecimento da maravilha do cinema. Assisti ao Conde de Monte Cristo e um filme sobre Joana D'Arc, com a Ingrid Bergmann. A minha idade? Não sei mas o Google me informa que o filme é de 1948 e a beleza daquela Joana é eterna. Mas o conforto do cinema perto de casa durou pouco. A gráfica naquele local foi desativada, o prédio demolido e as sessões cinematográficas que eram esporádicas já não aconteceram mais. Mas o SESI surgiu com um programa social do tipo "cinema na rua". Nas noites quentes de verão o Serviço Social da Indústria anunciava que no bairro tal, horário tal, estaria exibindo no local de costume o filme tal. Era um tremendo programa. Os funcionários do SESI colocavam uma tela branca na fachada de uma casa, de onde era possível a conexão elétrica e de um veículo postado em local apropriado era feita a projeção da película. Normalmente eram comédias, tanto nacionais como estrangeiras. Foi através dos filmes de rua que fiquei sabendo da dupla Bud Abbot e Lou Costello, do Gordo e o Magro, dos Irmãos Marx, além de alguns mocinhos e bandidos dos bang bang. Era diversão garantia. Sim, éramos felizes. Aos poucos o bairro distante foi sendo engolido pela cidade e o cinema nas ruas foi sendo engolido pelo progresso, ou seja, pelo surgimento das casas apropriadas - os cinemas. Em Caxias tínhamos cinco (5) cinemas que funcionavam todos os dias da semana. Guarani, Central, Ópera, Imperial e Real. Por diversas razões fui assíduo frequentador dos dois primeiros. Ficavam próximos um do outro - talvez menos de cinquenta (50) metros e pertenciam a donos diversos, de modo que não havia sobreposição de títulos. Aos sábados e domingos a primeira sessão do Cine Guarani iniciava às 19,30hs enquanto que a do Cine Central tinha início às 20,00hs. A diferença de horário conjugada com a proximidade dos dois estabelecimentos, permitia sair de um e imediatamente ingressar em outro cinema para desfrutar de dois filmes na mesma noite. A mesma tática era possível entre os cines Guarani e Ópera, da mesma empresa. Os horários eram mais elásticos e geralmente eram utilizados quando havia algum filme do tipo longa metragem. Uma particularidade: A diferença de horário nas salas de exibição pertencentes à mesma distribuidora se dava por questões meramente logísticas. Por exemplo, os cines Central e Real pertenciam à mesma distribuidora e no sábado exibiriam o mesmo filme. Os filmes em rolos eram seccionados em partes e acondicionados em recipientes metálicos. Iniciada uma sessão no Cine Central às 20,00hs, ao final daquela primeira parte um funcionário recolhia o recipiente e saía às pressas em direção ao cine Real para, exibir o mesmo filme, em outro horário e em outra sala de projeções. E assim era a rotina de um funcionário todos os finais de semana. Mas antes da minha liberdade de ir ao cinema nos horários noturnos, houve a época das matines. Nossa preferência era pelo Central pois além de exibir dois filmes com um pequeno intervalo entre um e outro, o mais aguardado de todos era o episódio dos famosos seriados, uma espécie de novela que sempre terminava com o mocinho enfrentando uma situação crítica que poderia levá-lo à morte. Como ele iria safar-se da armadilha que os agentes do mal havia armado contra ele era a grande incógnita que durante toda a semana aguçava a imaginação de todos. Foram muitos os seriados: Zorro, Círculo Vermelho, Homem Bala, etc... E depois da matine ainda ocorriam os escambos de gibis, revistas em quadrinhos que eram trocados na frente do cinema. Outra particularidade acontecia na sexta-feira com a chamada Avant Premier, quando determinado filme seria exibido pela primeira vez. Muitos preferiam assistir no lançamento para não correr o risco de ficar sabendo do desfecho de uma determinada trama revelada por algum incauto ou mesmo algum estraga-prazer. Mas em termos de programação o ponto alto se dava nas quartas-feiras, tradicionalmente o dia de namorar. Era "Dia da Dama", oportunidade em que moças acompanhadas de seus pretendidos não pagavam ingresso. Por aquela época cumpri com certa regularidade o meu papel de "Chá de Pera", aquele que acompanha a irmã e o futuro cunhado, tanto ao cinema quanto a outros passeios. Tradicionalmente uma moça não saia de casa acompanhada apenas pelo namorado. Um tercius, mesmo que fosse um menor de idade, devia estar junto para empatar avanços mais ousados de parte a parte. Por fim faço um registro acerca do cenário musical dos cinemas, e de modo especial do Cine Guarani. Antes do início da exibição cinematográfica, o tempo era preenchido com música através do sistema de som, geralmente com música orquestrada. Um LP, de. modo especial, marcou época na minha memória: Yellow Bird com a Orquestra de Lawrence Welk. Cada cinema, no momento de apagar as luzes, anunciava o início do espetáculo com a música que identificava aquela casa. Era executada a chamada "Característica Musical". O Cine Guarani era identificado pela ópera do mesmo nome de Carlos Gomes. Já o Real tinha como marca identificadora a Marcha Triunfal da ópera Aida, de Verdi. O Ópera entoava O Coro dos Ferreiros, igualmente de Verdi, enquanto que o Central era mais popular com a Cavalaria Rusticana, que nas matines provocava a juventude a acompanhar o ritmo batendo com os pés no chão. Por fim o Imperial com a Cavalaria Ligeira, de Franz Von Suppé. .... Os filmes? Conforme a época dançamos de acordo com a música. Houve o tempo dos bang-bang ou faroeste. Tarzan teve seu tempo. As chanchadas brasileiras com Oscarito e Grande Otelo e as comédias com o inesquecível Cantinflas. Como esquecer os água e açúcar com Joselito ou com a Marisol? E o Gordo e o Magro? Chegou o tempo dos épicos italianos com o fortão Maciste. Mas chegaram as comédias com Ugo Toniazzi e companhia. Os filmes franceses disseram presente e como tudo que é bom dura pouco brotaram os Kung Fu, que proliferaram de modo avassalador. Já não foi possível aguentar.

Perguntaram-me o porquê, de mesmo quando tudo parece dar errado, eu continuar a sorrir e não desistir da vida. Respondi que, simplesmente, me recuso a ser infeliz. (Carolina Bensino, escritora brasileira)

LUGARES

LISBOA - PORTUGAL

A Praça de Luís de Camões, coloquialmente Largo de Camões, localiza-se no Chiado, na freguesia da Misericórdia, em Lisboa. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

terça-feira, 4 de março de 2025

ADÚLTEROS

Martha MedeirosMartha Medeiros

Um adulto de verdade trai a si próprio sem um pingo de culpa. Festeja a alforria que o acúmulo de vivência lhe trouxe de bônus

Todo adulto é um adúltero. Não precisa ser fiel a mais nada.

Se ele continua apegado a antigas convicções, antigas preferências e antigas manias, é um preguiçoso que se acomodou, escolheu viver de forma repetitiva, no piloto automático, cansado para novos entusiasmos. Está aguardando a morte sem aproveitar a liberdade que a maturidade lhe daria, caso tivesse amadurecido. Se ainda está agarrado ao que lhe definia aos 18 anos, então não saiu mesmo dos 18.

Um adulto de verdade, bem acabado, trai a si próprio sem um pingo de culpa. Festeja a alforria que o acúmulo de vivência lhe trouxe de bônus. Tornou-se um condenado à morte com direito a centenas de últimos desejos.

Um adulto é um adúltero que um dia jurou fidelidade eterna aos Beatles e aos Rolling Stones, mas que um belo dia cansou de conservá-los com naftalina e que resolveu confessar que já não consegue escutar Yesterday sem enfrentar náuseas e que se sente ridículo dançando I Can´t Get No Satisfaction. Trocou o rock pelo neo soul, seja lá o que for isso. Escuta coisas que despertam sua atenção aqui e ali, estilos que gosta num dia e dispensa no outro, e segue em busca de novidades sem querer aterrissar em mais nenhuma “banda preferida” que lhe enclausure num perfil. Só não rasga a carteira de identidade porque o juízo se mantém.

Um adulto é um adúltero que adorava o verão quando era um frangote, mas que, ao abandonar as pranchas e ao se aproximar dos livros, acabou criando uma predileção pelo inverno, até que o tempo passou mais um pouco e ele entendeu que a primavera e o outono é que eram cativantes pela ausência de extremismo, e agora, neste instante, voltou a preferir o verão, mas não assina embaixo, não tem mais firma reconhecida em cartório algum.

Um adulto é um adúltero que deixou de ser fiel aos próprios gostos. Deu-se conta disso quando, ao frequentar a casa de amigos, reparava que serviam a ele sempre o mesmo prato preferido: como explicar que virou um cafajeste gastronômico chegado a outros sabores? As conversas igualmente passaram a se repetir, e ele se pegou aceitando convites de estranhos - hoje é chegado a outros amigos também.

Don Juan de si mesmo, já não tem cor que lhe assente, autor que o represente, estilo de vestir que o catalogue, pensamento que o antecipe, sonho que o enquadre, viagem que o carimbe. Só não muda de time porque restou algum caráter.

Quanto ao amor, não é tolo. Sabe que quanto mais ele se abre para o mundo, quanto mais areja e celebra a própria vida, mais seguro estará nos braços de uma única pessoa, preservando a intimidade conquistada. Amor não é cor, música, esporte, estação do ano, ponto no mapa. Ele varia a si mesmo justamente para não precisar se procurar em mais ninguém.

Fonte: Zero Hora
Desistir… eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem (...) mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça. (Cora Coralina, poetisa brasileira)

LUGARES

ÉTRETAT - FRANÇA

Étretat é uma comuna francesa na região administrativa da Normandia, no departamento de Sena Marítimo. Estende-se por uma área de 4,06 km². Em 2010 a comuna tinha 1 248 habitantes. Wikipédia

FRASES ILUSTRADAS

segunda-feira, 3 de março de 2025

FILME DE BANDIDO

Ruy Castro

Você já assistiu à sequência 400 vezes, mas talvez nunca a tenha visto completa, nos seus gloriosos 1m e 45s. Uma câmera, do outro lado da calçada, focaliza por 28 segundos a porta de um estacionamento —por ela, passam pessoas e carros. Finalmente, um homem sai carregando uma mala. Aos 30, para e olha para os lados, como se certificando de que não é observado. Aos 35, põe a mala no porta-malas de um táxi. Aos 40, entra no táxi. Aos 45, o táxi arranca. Pelo minuto seguinte, a câmera, também dentro de um carro, vai perdê-lo no trânsito. Fim.

Trata-se, claro, da sequência gravada pela Polícia Federal, em que Rodrigo Rocha Loures deixa o estacionamento de uma pizzaria em São Paulo, com a mala que lhe foi passada por um executivo da JBS contendo R$ 500 mil. Pela frequência com que vai ao ar nos canais de notícias —dezenas de vezes por dia—, logo não haverá um brasileiro que não a tenha visto.

E, por enquanto, resta a pergunta: quem gravou? Se fosse um trabalho particular, sujeito a autorização, seu autor teria o nome no crédito, uma nota a receber e uma carreira pela frente no cinema nacional. Mas, sendo uma gravação da Polícia Federal, que a liberou para exibição, ninguém fará jus a royalties. E, no entanto, a sequência completa sugere uma vocação autoral na mão que segura o celular.

Tem uma tensão típica da Nouvelle Vague. A cinegrafia lembra os filmes do francês Jean-Pierre Melville ou o "Taxi Driver", de Martin Scorsese, todos dos anos 70. Rocha Loures parar e olhar para os lados é um lance de gênio –mostra que o diretor estava atento. Às vezes, a câmera na mão perde o foco, realçando o realismo, tipo "cinéma-vérité". Eu, se fosse crítico de cinema, daria bonequinho aplaudindo.

Para que ir ao cinema se os melhores filmes de bandido nos entram pelos olhos?

Fonte: Folha de S. Paulo - 01/07/2017
Suba o primeiro degrau com fé. Você não tem que ver toda a escada. Você só precisa dar o primeiro passo.(Martin Luther King, líder norte-americano)

LUGARES

SAN MICHELE DI PAGANA - ITÁLIA

San Michele di Pagana é uma frazione da comuna de Rapallo, cidade metropolitana de Gênova, Ligúria, norte da Itália. De frente para o Golfo de Tigullio, está localizado a cerca de 2 km do centro do município e da comuna vizinha de Santa Margherita Ligure. Wikipedia (inglês)

FRASES ILUSTRADAS

domingo, 2 de março de 2025

BOLONHA: UMA CIDADE E TRÊS APELIDOS

A região da Emilia-Romagna, no norte da Itália, foi eleita pela Lonely Planet, com o título de "Melhor Destino Europeu de 2018". A escolha da Emilia-Romagna como nosso destino foi mera (e feliz) coincidência. E Bolonha é a capital da região.



Com certeza as atrações de Bolonha pesaram forte na escolha de "melhor destino europeu". 

Para os fins deste registro me atenho ao apelidos que a cidade orgulhosamente ostenta: La Dotta, La Rossa e   La Grassa.

O primeiro deles, La Dotta (a sábia), vem do fato da cidade abrigar a mais antiga universidade italiana, onde o matemático polonês Nicolau Copérnico estudou.

O segundo apelido, La Rossa (a vermelha), se refere a suas construções históricas, todas com o telhado vermelho.

O terceiro apelido de Bolonha, La Grassa (a gorda) tem tudo a ver com a culinária, a começar pelo famoso molho à bolonhesa foi inventado na cidade, como o próprio nome indica.

A escolha de Bolonha como destino levou em conta o seu importante entroncamento ferroviário,circunstância que facilita sobremaneira os deslocamentos, tanto de curta, como de média e longa distância. Posso dizer que valeu a pena, uma vez que optamos por não alugar carro.


Embora o apelo promocional da Lonely Planet, o afluxo turístico nos pareceu pouco expressivo, sem as muvucas de Paris, Veneza e outras. Uma ótima pedida para que buscava sossego.
Você tem que ser o espelho da mudança que está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim. (Mahatma Gandhi, líder indiano)

LUGARES

BUDAPESTE - HUNGRIA

Budapeste, a capital da Hungria, é dividida pelo rio Danúbio. Sua ponte Széchenyi Lánchíd, do século XIX, conecta o elevado distrito de Buda ao lado plano de Peste. Um plano inclinado, chamado de Budavári Sikló, sobe a Colina do Castelo até a Cidade Antiga de Buda, onde o Budapesti Történeti Múzeum conta a vida da cidade desde a época romana. A praça Szentháromság tér abriga a igreja Mátyás-templom, do século XIII, e as torres do Bastião dos Pescadores, que oferecem vistas panorâmicas.

FRASES ILUSTRADAS

sábado, 1 de março de 2025

ROMANCE FORENSE

Constrangimentos no banheiro vigiado 

Alegadamente para evitar o desvio de remédios controlados, a distribuidora farmacêutica era dura, minuciosa e irredutível no controle dos empregados, de ambos os sexos, nos momentos em que iam ao banheiro.

Por isso, a Doracilda reclamava com insistência e, assim, terminou demitida sem justa causa. Um mês depois, aportou na Justiça do Trabalho a reclamatória trabalhista: “a empregadora fazia controle rigoroso nas idas aos sanitários, a falso pretexto de proteção do seu patrimônio, extrapolando os limites do razoável”.

O juiz colheu o depoimento da reclamante:

- Doutor, os empregados só podiam utilizar o banheiro, que ficava trancado a chave, após revista pessoal, feita pelos seguranças da empresa. Antes eu tinha que me dirigir ao líder e pegar um crachá. Depois, avisar o segurança que me revistava com detector de metais. Ele me acompanhava, ficava do lado de fora do banheiro e, quando a gente saía, era feita nova revista com detector de metais.

Houve uma pausa no depoimento, a Doracilda puxou fôlego e provocou:

- Doutor, não sei se posso continuar, mas tinha coisa mais constrangedora ainda.

O magistrado tranquilizou a trabalhadora:

- A senhora pode prosseguir.

- Pois é, doutor, o segurança ficava encostado na porta e ainda perguntava: ´É número 1, ou número 2? Vai demorar?´ ... E a gente ainda se constrangia, porque – o senhor sabe como é... - às vezes o barulho dos gases vaza...

O magistrado maneou a cabeça e interrompeu:

- É o suficiente. Já compreendi bem.

A sentença que deferiu a reparação por dano moral foi discreta, reconhecendo “o dano à esfera íntima da obreira, em rotineiro constrangimento, em momentos tão íntimos e fisiológicos, merecendo por isso ser compensada monetariamente”.

Transitou em julgado.

Na semana passada a empresa pagou a conta. Com correção e juros, foram R$ 11.450.

Fonte: Fonte: www.espacovital.com.br
Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo. Quem acredita sempre alcança. (Renato Russo, compositor e cantor brasileiro)

LUGARES

SALAMANCA - ESPANHA

Plaza Mayor em Salamanca , Espanha , é uma grande praça localizada no centro de histórico Salamanca, usada como praça pública . Foi construído de forma tradicional e é uma área de reunião popular. É amplamente considerada uma das praças mais bonitas da Espanha ,uma praça que atrai muitos turistas por ano.

FRASES ILUSTRADAS