sábado, 8 de março de 2025
ROMANCE FORENSE
LUGARES
sexta-feira, 7 de março de 2025
quinta-feira, 6 de março de 2025
A MENTIRA COMO VERDADE
Ruy Castro
Os que hoje gritam cinicamente por liberdade de expressão querem usá-la justamente para suprimi-la
O principal canal de Donald Trump para disseminar mentiras chama-se Truth Social —Confederação da Verdade ou algo assim. É a rede social fundada por ele em 2021, destinada a disparar textos, posts e arquivos para os lorpas americanos. Mas, se a extrema-direita acha que essa tática de fazer da mentiraa verdade é de sua invenção, engana-se. Foi usada com grande sucesso pela União Soviética de 1917 a 1991, através de seu jornal oficial, Pravda, editado pelo Partido Comunista com a função de encobrir os crimes do Estado. Pravda, em português, quer dizer verdade.
Em "1984", romance de George Orwell, a mentira era também a especialidade do Ministério da Verdade, órgão dedicado a "corrigir" periodicamente a história, falsificando informações e convertendo antigos heróis em inimigos do regime. Seu slogan era "Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado". Seu modelo era o mesmo Pravda, que apagava das fotos os velhos revolucionários que tinham se voltado contra Stálin.
Outra tática dos comunistas era inverter o sentido de certas palavras. Os países-satélites da URSS no Leste Europeu, tristes ditaduras subjugadas a Moscou, eram chamados de repúblicas "populares" ou "democráticas". O povo a que elas se referiam era o Comitê Central do Partido Comunista local, que supostamente o representava. Da mesma forma, na Alemanha, o nazismo era uma abreviatura de "nacional-socialismo". Não tinha nada de socialista, mas a palavra ajudou-o a consolidar-se.
Corromper palavras é típico dos autoritários de qualquer cor política. Bolsonaro e seus esbirros, adeptos da ditadura militar que asfixiou o Brasil por 21 anos, têm o cinismo de gritar por "liberdade de expressão" —liberdade que querem usar justamente para suprimi-la se voltarem ao poder. É o mesmo cinismo com que dizem "o Brasil acima de tudo" enquanto municiam Trump para afrontar a soberania brasileira.
O perigo não está só na mentira, mas, pior ainda, na mentira como verdade.
Fonte: Folha de S. Paulo
AS PREOCUPAÇÕES DO MUNDO
O Ipsos, conhecido instituto francês de pesquisa de opinião, leva a cabo um estudo permanente em 29 diferentes países (entre os quais o Brasil) para aferir as inquietações dos respectivos habitantes.
Ao entrevistado, é apresentada uma lista de 18 tópicos de sociedade. Pede-se que ele selecione os três que lhe parecem os mais preocupantes. Os resultados são frequentemente evidentes, às vezes curiosos, sempre interessantes.
A edição mais recente acaba de ser publicada, com os dados de fevereiro de 2025. Sem surpresa, a maior preocupação do brasileiro (38%) são o crime e a violência, tópico que incomoda muito pouco os habitantes de Singapura, onde foram citados por somente 7% da população.
Na Argentina, desde que a inflação desenfreada dos últimos anos arrefeceu, na esteira das reformas de Milei, a população parece ter recuperado o sorriso. A confiança na economia subiu 28 pontos com relação ao mesmo período do ano passado. O castigo da hiperinflação dos anos recentes foi tão pesado, que hoje estão todos se sentindo aliviados, apesar de a situação ainda estar bastante complicada.
Já a perocupação dos brasileiros quanto à inflação, está crescendo no sentido contrário ao dos argentinos: mais confiança lá, maior preocupação aqui. Até o ano passado, no Brasil, o dragão da inflação parecia adormecido. Este ano, a população está sentindo que o dragão acordou.
A pobreza e a desigualdade social, como era de se esperar, empata com a criminalidade na preocupação dos brasileiros. Mesmo os cidadãos cuja posição social está distante dessa categoria, sentem que aí reside um dos maiores males nacionais. Uma curiosidade: no Japão, uma porcentagem elevada de cidadãos (33%) mostra preocupação com o aumento da desigualdade social no país. Visto de fora, não imaginaríamos que fosse essa uma das inquietudes japonesas.
O desemprego não parece estar entre as preocupações nacionais do momento. O Brasil é o 21° (em 29) na lista dos que receiam o desemprego. Já a Argentina aparece em 3° lugar na mesma lista. O contraste entre as duas maiores economias da América do Sul é grande.
Quanto à preocupação com a corrupção política e financeira, o Brasil aparece no meio da lista, próximo da média mundial. Não é que o brasileiro não perceba a corrupção que rói as entranhas da nação; eu diria que nossa indiferença é reflexo do desalento e da certeza de que, por mais que façamos, a classe política continuará a negar-se a servir ao povo para poder servir-se do dinheiro do povo.
O tópico que mais me impressionou foi o das mudanças climáticas. Entre os países que se preocupam com as mudanças no clima da Terra, o Brasil está em 18° lugar (entre 29 países). Ou seja, estamos longe de nos preocupar com o estado do planeta que vamos deixar para nossos filhos e para os que virão depois.
Nossas catástrofes climáticas dos últimos tempos (entre as quais, enchentes diluvianas no Rio Grande, labaredas espontâneas a lamber o Pantanal e a Amazônia, seca saariana no Rio de Janeiro) parecem não ser suficientes para sacudir a percepção do brasileiro e alertá-lo para o cataclisma em que já pusemos o pé. E que nos obriga a entrar na roda, queiramos ou não.
Há fenômenos naturais que não podemos combater por serem mais fortes que nós. Assim mesmo, temos meios humanos à nossa disposição para mitigar os efeitos de catástrofes. Cabe às nossas autoridades (federais, estaduais e municipais) investir em campanhas de esclarecimento da população. Cada um pode (e deve) fazer a sua parte. Tudo se aprende, que ninguém nasceu sabendo.
Fonte: brasildelonge.com
LUGARES
quarta-feira, 5 de março de 2025
CINEMA
terça-feira, 4 de março de 2025
ADÚLTEROS

Um adulto de verdade trai a si próprio sem um pingo de culpa. Festeja a alforria que o acúmulo de vivência lhe trouxe de bônus
Todo adulto é um adúltero. Não precisa ser fiel a mais nada.
Se ele continua apegado a antigas convicções, antigas preferências e antigas manias, é um preguiçoso que se acomodou, escolheu viver de forma repetitiva, no piloto automático, cansado para novos entusiasmos. Está aguardando a morte sem aproveitar a liberdade que a maturidade lhe daria, caso tivesse amadurecido. Se ainda está agarrado ao que lhe definia aos 18 anos, então não saiu mesmo dos 18.
Um adulto de verdade, bem acabado, trai a si próprio sem um pingo de culpa. Festeja a alforria que o acúmulo de vivência lhe trouxe de bônus. Tornou-se um condenado à morte com direito a centenas de últimos desejos.
Um adulto é um adúltero que um dia jurou fidelidade eterna aos Beatles e aos Rolling Stones, mas que um belo dia cansou de conservá-los com naftalina e que resolveu confessar que já não consegue escutar Yesterday sem enfrentar náuseas e que se sente ridículo dançando I Can´t Get No Satisfaction. Trocou o rock pelo neo soul, seja lá o que for isso. Escuta coisas que despertam sua atenção aqui e ali, estilos que gosta num dia e dispensa no outro, e segue em busca de novidades sem querer aterrissar em mais nenhuma “banda preferida” que lhe enclausure num perfil. Só não rasga a carteira de identidade porque o juízo se mantém.
Um adulto é um adúltero que adorava o verão quando era um frangote, mas que, ao abandonar as pranchas e ao se aproximar dos livros, acabou criando uma predileção pelo inverno, até que o tempo passou mais um pouco e ele entendeu que a primavera e o outono é que eram cativantes pela ausência de extremismo, e agora, neste instante, voltou a preferir o verão, mas não assina embaixo, não tem mais firma reconhecida em cartório algum.
Um adulto é um adúltero que deixou de ser fiel aos próprios gostos. Deu-se conta disso quando, ao frequentar a casa de amigos, reparava que serviam a ele sempre o mesmo prato preferido: como explicar que virou um cafajeste gastronômico chegado a outros sabores? As conversas igualmente passaram a se repetir, e ele se pegou aceitando convites de estranhos - hoje é chegado a outros amigos também.
Don Juan de si mesmo, já não tem cor que lhe assente, autor que o represente, estilo de vestir que o catalogue, pensamento que o antecipe, sonho que o enquadre, viagem que o carimbe. Só não muda de time porque restou algum caráter.
Quanto ao amor, não é tolo. Sabe que quanto mais ele se abre para o mundo, quanto mais areja e celebra a própria vida, mais seguro estará nos braços de uma única pessoa, preservando a intimidade conquistada. Amor não é cor, música, esporte, estação do ano, ponto no mapa. Ele varia a si mesmo justamente para não precisar se procurar em mais ninguém.
Fonte: Zero Hora
segunda-feira, 3 de março de 2025
FILME DE BANDIDO
LUGARES
domingo, 2 de março de 2025
BOLONHA: UMA CIDADE E TRÊS APELIDOS
A região da Emilia-Romagna, no norte da Itália, foi eleita pela Lonely Planet, com o título de "Melhor Destino Europeu de 2018". A escolha da Emilia-Romagna como nosso destino foi mera (e feliz) coincidência. E Bolonha é a capital da região.