Não recordo o seu primeiro nome. Era carioca, funcionário do Banco do Brasil e fumante inveterado. Na época - 1964/1966 -, muitos funcionários do BB eram convidados para lecionar nos cursos da noite. Via de regra eram pessoas altamente preparadas uma vez que o ingresso no banco se dava por concurso, diga-se, bastante exigente, um verdadeiro vestibular. O professor Beltrão veio lecionar matemática e logo no primeiro encontro em sala de aula espantou a todos com sua agilidade para cálculos. Por exemplo:
- Menino, diz dois números, rápido! E o colega prontamente respondeu:
- 24 e 125. Em cima, o professor emendou:
- Multiplicado um pelo outro dá três (3) mil.
Diante da curiosidade generalidade o professor complementou:
- Matemática é fácil. O importante é conhecer a essência dos números.
O que ele queria dizer com aquela afirmação eu nunca fiquei sabendo e creio que também nenhum dos seus demais alunos. O certo é que ele ditava alguns exercícios para nós e quando o fazia para resolvermos as famosas "regras de três" compostas, ele simplesmente escrevia o enunciado no quadro negro e de cabeça ia fazendo os cálculos, assinalando o resultado final.
Outra prodigalidade do professor se revelava nas suas atividades profissionais - era Caixa do Banco do Brasil. Muitas vezes fui ao banco pagar títulos da empresa onde eu trabalhava e ele simplesmente fazia a soma de cabeça. O resultado sempre batia com o resumo que eu havia feito antes no escritório. Era um fenômeno.
Havia um outro caixa, Décio Viana, que fazia algo parecido. Mas anotava a mão o valor de cada título e depois fazia a soma coluna por coluna, dispensando sempre a máquina de somar, que na época era totalmente manual. Mas não ombreava com o professor Beltrão.
Beltrão era casado com uma japonesa e se não me engano tinha cinco (5) filhos, o mais velho deles com dezesseis (16) anos de idade já se estava acima da media. Com aquela idade já era professor nos cursinhios preparatórios ao vestibular. Acho que ministrava física e química. Mal de família!
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