Trinácia: Símbolo da Sicília |
O Michele é italiano mas nunca deixou de ser siciliano. Ele fala e eu não entendo nada. Mas nem tudo está perdido. Ele é casado com a Bruna, que por sua vez é trentina. Ela traduz as nossas conversas. E foi numa dessas conversas que o Michele revelou a existência de um tio residente em Buenos Aires e do qual não tinha notícias há mais de trinta (30) anos. Pelo fato de eu pertencer ao Poder Judiciário e pelo fato do seu tio ser cartorário no vizinho país, decerto, ele pensou que seria fácil para mim localizar o parente. Conversei com um tabelião amigo meu sobre a eventual existência de alguma associação latino-americana de serventuários da justiça e a resposta foi positiva. Colocou-me em contato com o representante brasileiro junto à entidade e ele prontamente acionou seus contatos e localizou o tio desaparecido. Meses depois fomos passar uns dias na capital portenha e então me pus a procurar o tal siciliano. Primeiro, consegui localizar o endereço. Era no segundo andar de um prédio no centro da cidade. Precisei ir lá umas três vezes pois os horários de trabalho nada têm a ver com as nossas práticas. Finalmente fui recebido pelo mesmo e expliquei o motivo da minha visita. Ele agradeceu, fornecendo o seu endereço eletrônico para futuros contatos. Por fim, afastadas quaisquer dúvidas quanto aos motivos da minha visita, e em razão de nos termos comunicado em italiano, ao despedir-se ele comentou algo como "o senhor é dos nossos". Repassei as informações ao Michele e algum tempo depois ele e Bruna estiveram em Buenos Aires visitando o parente que os recepcionou de forma calorosa. Fiquei satisfeito em saber que os meus esforços tinham sido úteis a ambos os lados. Por questões óbvias não pesquisei sobre os motivos do tio do Michele ter saído da Sicília sem nunca dar notícias.
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