Viajar proporciona experiências variadas, dentre elas, conhecer pessoas de outros países, outras culturas, outros idiomas etc.
Numa destas viagens, constatei que consigo comunicar-me em espanhol com relativa facilidade.
Em Buenos Aires, numa casa de tango, assistimos ao show na companhia de uns espanhóis. Conseguimos falar sobre muitas coisas sem maiores dificuldades. E isto que eles eram de Barcelona e entre eles falavam na língua própria. Aí tudo era grego.
Dias antes de um passeio pelos lagos andinos, comprei um boné, já que, segundo um certo parente, eu sou deficiente capilar. O dito boné continha as cores da bandeira chilena, a estrela que também figura no pavilhão daquele país, a palavra “Chile” e uma espécie de mapa.
Durante o passeio, um cidadão beirando os setenta anos de idade, aproximou-se de mim e apontando para o boné falou alguma coisa em inglês, ao que respondi que não falava a língua do Tio Sam. Indagou-me então se eu falava espanhol. Disse-lhe que poderia falar que eu entenderia.
Então, o simpático americano disse-me que o desenho que constava no meu boné era a cópia fiel do mapa do Estado do Texas, e que as cores da bandeira texana eram iguais às da bandeira chilena.
Explicou-me que era americano mas morava no México, apontando no mapa gravado no boné, o local onde era sua casa de veraneio no Texas.
Acabamos constatando que o boné era made in China, o que explicava a falta de fidelidade do suposto produto de propaganda chilena.
Depois de uma longa conversa, perguntou-me de onde eu era e ao responder-lhe que era brasileiro, demonstrou bastante curiosidade quanto a minha facilidade para comunicar-me em espanhol. E ficamos por aí..., sem contudo, deixar de ficar um pouco intrigado.
Ao chegar em Puerto Mont, no traslado do aeroporto ao hotel, tivemos a companhia de
Don Antonio Santiago e sua esposa, um simpático casal de mexicanos que estavam de férias no Chile.
Incitados pelo nosso guia, começamos a conversar e de pronto percebi que Don Santiago não compreendia bem o português. Foi então que arrisquei dizer algumas palavras em portunhol. Deu certo. Passamos a conversar animadamente até que veio a observação do novo amigo:
- Você fala bem o espanhol. Estudou a nossa língua?
Eu fiquei um pouco encabulado e ao invés de dizer-lhe que nunca tinha estudado espanhol, preferi descontrair:
- Don Santiago – depois de ter assistido todas as películas de Mario Moreno, Cantinflas, falar espanhol não representa nenhuma dificuldade.
Não preciso dizer que arranquei dele gostosas gargalhadas. Era hora do almoço e fomos almoçar juntos, tomamos um delicioso cabernet e acabamos desfrutando de um belo passeio juntos, pelo interior do interior chileno. Ficamos muito amigos e temos mantido animadas conversas por e-mail, oportunidade em que lanço mão, religiosamente, de um bom dicionário...
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