Dentre os brasileiros que incorporaram o nosso grupo em Nova York, havia um casal mineiro. Ele, médico aposentado e ela, praticando o seu esporte preferido: viajar.
Nos poucos dias em que permanecemos no Big Apple, principalmente no retorno do Canadá, a intrépida baixinha ciceroneou as mulheres do nosso grupo. Ela conhecia a cidade talvez melhor do que BH onde vivia. Qualquer que fosse o sonho de consumo feminino ela sabia onde encontrar. Linhas de ônibus ou metrô era com ela mesma. Detalhe: ela não falava inglês e nem mesmo espanhol.
Indagada por alguém do grupo como ela conseguia "conversar" com os funcionários das diversas lojas e coisas do gênero ela respondeu de uma forma simples e objetiva. Segundo ela, o vendedor é que deve se esforçar para atender o cliente, portanto, a comunicação não era problema dela.
Bastava que ela, diante da mercadoria pretendida, avaliasse o preço, se era condizente com a qualidade do produto, etc. No mais, para ela a mímica era um meio super eficiente de comunicação. Uma peça e um meneio de cabeça na vertical era a resposta do que desejava e que levaria. Para saber se aceitavam cartão de crédito bastava exibir o dito cujo e expressar um ar de indagação.
Os(as) balconistas são treinados para bem atender clientes em tais circunstâncias, assinalava. Outra dúvida que ela dissipou foi a forma de encontrar e escolher produtos. Segundo ela, o comércio americano, especialmente em NY, sua segunda casa, facilita a vida do cliente expondo seus produtos de tal maneira eficiente que é rara a ocasião que não encontra o que procura. Nesses casos, já conhecidos de outras viagens, trazia consigo uma lista elaborada por uma de suas filhas, e por vezes até acompanhada de um recorte de revista, e pronto.
E assim desfilou uma quantidade enorme de exemplos de como se comunicar sem falar. Um desses exemplos foi na farmácia, quando precisou de remédios para gripe, quando simulou um espirro, logo decodificado pelo farmacêutico.
Outra característica da baixinha era ser independente. De tanto viajar e enfrentar dificuldades, já não tinha receio de se soltar na cidade grande, sem qualquer acompanhante. Com o nome e telefone do hotel no bolso, segundo ela, nada mais era necessário.
Quanto a ele, o marido, preferia ficar em casa enquanto a sua baixinha viajava acompanhada das filhas. Em sua casa ela havia construído um ambiente propício para, junto com outros amigos aposentados, fazer o que mais gostava: música.
Numa dessas excursões das mulheres às compras, o acompanhei até uma loja de instrumentos e acessórios musicais. Foi comprar umas palhetas para seu saxofone e garimpar alguma partitura que julgasse interessante. Viviam bem.
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