quarta-feira, 7 de agosto de 2024

WHISKY IMPORTADO

Nossa estada em Uruguaiana demorou mais do que o esperado. Além do compromisso profissional, aproveitamos para visitar o Nelson, contemporâneo de faculdade e grande amigo nosso, que havia retornado às suas origens. Em face da distância e do adiantado da hora, seríamos obrigados a dormir no caminho. Por sugestão do Cláudio, optamos por um pequeno desvio de rota e nos programamos para dormir em Rivera, aproveitando para comprar algumas peças de lã ou cashimira. Chegamos na cidade e fomos às compras, não sem antes registrar que a relação entre a nossa moeda e o peso uruguaio favorecia-nos em muito. Depois das compras e devidamente instalados no hotel saímos para jantar levando conosco a indicação de um local onde serviam uma excelente parrillada. Em se tratando de carnes, as uruguaias nada ficam a dever para as argentinas, de modo que a sugestão foi seguida à risca. O Cláudio sempre gostou de aperitivar um whisky e naquela noite não foi diferente. Ou melhor, foi diferente em certo sentido. Nossos pedidos foram feitos e o Cláudio recomendou que lhe servissem whisky importado. Ao primeiro gole o Cláudio estranhou qualquer coisa e comentou que não havia gostado da bebida. Chamou o garçon e pediu para que lhe trouxesse o litro do whisky que lhe havia servido. O garção já andava meio impaciente mas, como em qualquer lugar, o cliente sempre tem razão, concordou com o pedido e momentos depois retornou à nossa mesa. 
- Mas tu me serviste um Old Eight! disse o Cláudio meio indignado, ao que o garçon, agora com ar triunfante, respondeu: 
- Desculpe senhor. Mas o senhor pediu um whisky importado e este é importado do Brasil, e portanto, para nós uruguaios, trata-se de um produto importado. 
Como bom perdedor, o Claudio aceitou a explicação e pediu que lhe servisse uma dose de Balantine, para evitar novos contratempos. A carne "nacional" que degustamos a seguir compensou o pequeno vexame. Depois nos recolhemos ao hotel pois no dia seguinte a viagem seria longa. Antes, porém, ao pagar a conta, o Cláudio foi bastante generoso com a propina, compensando, assim o garçon pelas impertinências, e por que não dizer, pela presença de espírito ao levar a melhor na questão da bebida importada.

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