domingo, 4 de agosto de 2024

ALDEIA GLOBAL

Não é apenas o campo das comunicações que transformou o nosso mundo num lugar em que ninguém mais se esconde de ninguém. Não há limites para a tecnologia e quando você pensa que determinada inovação veio para ficar, ela acaba sendo superada em tempo muito curto. A digitalização do planeta através de fotos do satélite, trazendo diante dos olhos curiosos quaisquer cidades, povoados, acidentes geográficos de qualquer lugar, causou sensação. Pouco tempo depois o sistema foi aperfeiçoado (e continua sendo) a ponto de podermos ver o movimento das ruas ou mesmo viajarmos de forma virtual por uma estrada. Se desejo percorrer a Cordilheira dos Andes rumo à Santiago, por exemplo, é possível realizar o percurso previamente através do computador e avaliar os perigos e obstáculos que poderei encontrar. No estágio em que a evolução tecnológica se encontra, talvez seja melhor não penetrar no seu funcionamento e simplesmente desfrutar dos avanços que ela nos proporciona. É que o excesso de informações acaba por entupir o HD desde sempre instalado no nosso cérebro, o que torna imperioso selecionar as informações que realmente devemos armazenar na nossa memória. Mesmo por que, a toda hora são lançadas novidades no mercado que fica difícil decodificar tudo. De outra parte, nem tudo o que aparece de novo tem utilidade naquele determinado momento. Ao mesmo tempo em que ficamos maravilhados com tudo o que vem acontecendo, os mais saudosistas, volta e meia, se vêm recuados no passado e sentem saudades das surpresas, muitas vezes indesejadas, de encontrar algum conhecido num lugar remoto, distante, onde jamais seria possível imaginar tal coincidência. Uma dessas coincidências, totalmente prazeirosas, diga-se, ocorreu conosco em Veneza. Em um tour pela Sereníssima e depois do obrigatório passeio de gôndola, resolvemos nos perder na cidade, o que era a própria orientação da nossa guia. Desde que tínhamos pré-ajustado determinado a Piazza San Marco como ponto de encontro para retornarmos ao hotel, tudo o que tínhamos que fazer era caminhar pela cidade. Não deveríamos ter qualquer preocupação quanto ao retorno pois na cidade existia uma farta sinalização indicando os caminhos para a Piazza e para a Ponte Rialtto. Bastaria seguir a indicação da praça e não haveria qualquer problema. Realmente o sistema funciona perfeitamente. Aproximando-se a hora marcada para o nosso encontro, empreendemos a caminhada de retorno, e só então percebemos o quão distante estávamos. Mesmo assim, ao chegarmos na praça, ainda sobrou um tempinho para entrar numa farmácia e comprar um remédio qualquer. Logo na saída avistei uma fisionomia nada estranha. Claro, em fração de segundos caiu a ficha e para minha surpresa e alegria encontramos três casais jaraguaenses que batiam um papo animado. É uma experiência bem diferente estar muito longe de casa e mesmo assim encontrar amigos, vizinhos até, sem que houvesse qualquer prévio ajuste para que tal encontro ocorresse. Nem mesmo a moderna tecnologia é capaz de superar a emoção causada por esses encontros puramente casuais.

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