Concluído o curso ginasial, os estudos teriam continuidade no que hoje denominamos Segundo Grau. Para mim a tendência natural era a escola de comércio. Mais três anos para alcançar o diploma de Técnico em Contabilidade.
No referido curso tivemos um professor de português, funcionário do Banco do Brasil. Antonio Azevedo Filho era o seu nome. Logo foi identificado por nós como Antonio Baiano ou apenas "baiano", devido à sua procedência.
Tinha um sotaque bem acentuado, o que certa vez deu ensejo a uma situação hilariante. Havia um colega de aula - o português, como era conhecido - que ao responder acertadamente a uma questão formulada pelo professor, este, ao elogiá-lo disse: - O Senhor é culto. Mas o sotaque traiu o professor e o Português, meio contrariado indagou: - Curto por que professor? Então o Antonio Baiano remendou: - Culto, de cultura.
O professor Antonio Baiano era advogado do banco e muito culto. Logo se tornou conhecido na cidade e acabou sendo professor na faculdade de direito. Não cheguei a ser seu aluno mas foi um mestre muito estimado pelas diversas turmas que passaram pelas suas mãos.
Como professor de português no curso comercial ele não tinha muito a nos transmitir já que o foco do curso eram números, Lucros & Perdas, Impostos & Taxas, enfim, tudo o que dizia respeito à contabilidade.
Então, o peixe que ele nos vendia era o estímulo à leitura, algo que se revelou muito importante para aqueles que, como eu, pretendiam trilhar a carreira jurídica.
No afã de motivar a todos, narrava passagens de livros, notadamente de autores brasileiros, mas a sua preferência era Castro Alves, de quem sabia de tudo, quase como um biógrafo.
Fui seu aluno por apenas um ano, o que lamento profundamente.
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