O cartão de crédito é uma dessas maravilhas tecnológicas que veio para facilitar a vida de todos, menos dos incautos que sem observar as cautelas mínimas acabam tendo dissabores e prejuízos financeiros. Há também aqueles que tomam todos os cuidados para não perder a tarjeta mas se perdem na sua utilização com gastos acima das possibilidades. Não é o meu caso, ao menos até agora.
Utilizo o cartão de crédito quase que exclusivamente em viagem, principalmente para o exterior. Com o cartão no bolso e a facilidade de saques em bancos eletrônicos, não enfrento aquele estresse de carregar alguns mil euros ou dólares e ter que guardá-los em algum lugar seguro, se é que este lugar existe. Na medida em que necessito de moeda corrente realizo saques a valores reais, fugindo da aquisição da moeda no mercado paralelo.
Mesmo assim, tudo o que é possível pagar com o cartão de crédito assim o faço, tais como restaurantes, museus, casas de espetáculo, etc. O grande perigo é o risco de perder o cartão de crédito no exterior e ficar sem dinheiro. Para prevenir dissabores, levo um cartão na carteira e outro fica guardado em outro local. O mesmo ocorre com a minha esposa, de sorte que na prática, viajamos com quatro (4) cartões de crédito.
Certa feita, no recuado ano de 2004, quase precisei utilizar o cartão reserva. Recém saídos do território espanhol e ingressado nos domínios portugueses, nosso primeiro destino era Lisboa. Paramos para um pipi sotp no primeiro auto grill lusitano que encontramos na auto estrada. Também aproveitaríamos para esticar as pernas e almoçar.
Munidos com o menu bandeja fizemos as nossas escolhas e nos dirigimos ao caixa. Entreguei o meu Visa para a moça e aguardei. Para minha surpresa notei que ela lutava para retirar o cartão de uma fenda e olhando bem, pude verificar que ela passara o cartão naquela fenda por onde sai o cupom fiscal, ao invés do lugar apropriado onde é feita a certificação da idoneidade do cartão.
Diante do inusitado, pedi-lhe que cuidasse para não danificar o cartão e em seguida a ajudei a retirá-lo daquele lugar, não entendendo bem por que assim agiu e nem como conseguiu enfiá-lo em uma fenda tão estreita.
Retirado o cartão, o temor era de que as partes magnéticas tivessem sido inutilizadas. A prova dos nove viria a seguir pois ainda não havia pago a despesa. Desta vez a funcionária introduziu o cartão no local adequado e a simples aparição da palavra “processando” no painel da maquininha, me deu a tranquilidade de que tudo estava bem. E estava, a não ser por um pequeno detalhe, que por sorte, durou pouco tempo.
Depois de autorizada a transação, a funcionária pediu-me para digitar a senha. Como naquela época os cartões ainda não eram dotados de chip não era necessária qualquer senha para autorizar a transação. No lugar da senha dos tempos atuais, era lançada a assinatura no ticket que era emitido. Eu disse-lhe que as operações não dependiam de qualquer senha e que bastava assinar o comprovante. Apresentei-lhe o meu passaporte para que ela pudesse se certificar de que o cartão realmente era meu. Não obtive sucesso algum.
Diante da insistência quanto à necessidade da senha, já perdendo a paciência eu disse-lhe que não sabia de senha alguma mas que ela, se soubesse, poderia dá-la. E foi o que ela fez ao virar a maquininha para o seu lado e pressionar a tecla enter por duas vezes.
Minha esposa, que estava ao meu lado vendo toda a dificuldade enfrentada e o inusitado da situação, virou-se para o lado afim de que a pobre atendente não visse o riso que ela tinha dado causa.
De lá para cá a tecnologia avançou de forma admirável, facilitando a vida de usuários da tarjeta assim como dos atendentes de um modo geral.
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