domingo, 7 de julho de 2024

AINDA O GPS

Na segunda oportunidade que me aventurei a viajar pela Europa de carro também enfrentei algumas diferenças com a moça do GPS, tais como “você está acima do limite de velocidade” e coisas do gênero. Brincadeiras à parte, as modificações que são introduzidas no trânsito de qualquer cidade e que não forem informadas ao sistema de satélite, continuam inexistentes neste, de forma que as instruções que recebemos são aquelas cadastradas. Chegamos no aeroporto de Malpensa, Milão, e depois dos procedimentos de praxe nos dirigimos até a empresa locadora, tudo conforme previamente ajustado ainda no Brasil. Não demorou muito e já estávamos de posse de um Ford que se revelou um excelente veículo durante todo o nosso convívio. No nosso plano, naquela noite iríamos dormir em Treviso, distante uns quatrocentos quilômetros de Milão. Já havíamos reservado um apartamento no Agriturismo Cascinale, onde permaneceríamos quatro ou cinco dias. Antes mesmo de passar as instruções ao GPS, indaguei do funcionário da locadora como eu devia proceder para sair do estacionamento do aeroporto e encontrar o caminho correto para Treviso. A explicação foi rápida e perfeita. Como última recomendação ele nos disse que sendo Treviso o nosso destino, deveríamos seguir sempre em direção a Veneza. Não tivemos nenhuma dificuldade para sair do aeroporto e ingressar na auto-pista correta. As placas indicativas de que estávamos indo em direção à Veneza e o visor do GPS também indicavam que estávamos no rumo certo. Tínhamos, assim, a tranquilidade necessária para curtir a paisagem, se é que numa auto-estrada isto seja possível. Antes de sair do Brasil, analisando os mapas da Itália, verificamos que seria um tanto complicado passar por Veneza para chegar a Treviso, considerando que o trânsito por ali é meio confuso dada à situação geográfica da Sereníssima. O exame do mapa nos dizia que indo na direção de Trieste chegaríamos a Treviso com mais facilidade, mesmo porque viajávamos num sábado e as estradas estavam lotadas. Entendi que deveríamos nos manter na estrada que indicasse Veneza à frente mas que lá adiante haveriam os desdobramentos necessários para chegar ao nosso verdadeiro destino. Anoiteceu e já não estávamos tão distantes do nosso destino, assim consideradas uma ou outra daquelas cidades. Em dado momento a estrada bifurcou: à direita iríamos para Veneza e seguindo reto iríamos para Trieste e optamos pela segunda opção. No mesmo momento o GPS saiu do ar, indicando que estávamos transitando num campo aberto, sem nenhuma sinalização. A visualização de um asfalto completamente preto nos dava a certeza de que se tratava de uma estrada nova e portanto, havíamos errado o percurso. Porém, em se tratando de uma auto-estrada, não havia como retornar. Fomos obrigados a seguir até o próximo refúgio, que para nossa sorte estava logo adiante. Obtivemos a informação de que estávamos próximos de Treviso, coisa de vinte quilômetros e que não valeria a pena fazer o percurso via Veneza, o que nos confortou quanto às observações feitas sobre a carta geográfica. Refeitas as coordenadas no GPS, iríamos para Treviso por estradas secundárias, mas mesmo assim, fomos obrigados a passar por um pequeno trecho de estrada pedagiada. Ao sair da referida estrada, o preço a pagar pelo pedágio, que lá corresponde ao trecho efetivamente utilizado, era ínfimo, o que causou uma certa estranheza no funcionário encarregado da cobrança. Expliquei-lhe o ocorrido e ele limitou-se a dar uma risada. Quanto a nós, finalmente chegamos ao nosso destino, onde ainda tivemos a oportunidade de desfrutar de um jantar excelente.

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