domingo, 14 de julho de 2024

A HISTÓRIA DE UM PRISIONEIRO

Nosso destino era o Leste Europeu. Na programação oficial, dentre outras atrações, estava prevista uma visita à minas de sal, nas proximidades da cidade polonesa de Cracóvia. 

Embora estivéssemos próximos de Auschwitz, nem mesmo como opcional estava prevista uma visita ao mais conhecido campo de concentração nazista. 

Nosso motorista era de opinião que não poderíamos perder a oportunidade. Como argumento dizia o que tudo o que aconteceu na Europa era muito recente - apenas 60 anos - e aquilo tudo não poderia ser esquecido. 

Para alguns ele contou o seguinte fato: Numa das tantas viagens que fez para aquele local transportando turistas, um em especial ficou na sua memória. 

Dentre um grupo de turistas, havia um senhor bem idoso que tinha sido prisioneiro naquele campo de concentração. Ele trazia no braço aquela marca que identificava todos os que lá estiveram presos. 

Em tal circunstância, aquela pessoa tinha direito a realizar uma visitação individual, com um guia exclusivo, podendo, inclusive, percorrer locais vedados aos demais visitantes. 

Nos disse o Ruggero, o nosso motorista, que aquele senhor realmente afastou-se dos locais tradicionalmente visitados e em dado momento agachou-se e depois de um breve tempo, apanhou algo do chão. 

Mais tarde, retornando ao ônibus, referida pessoa mostrou aos demais uma pequena colher metálica, dizendo que o desespero era tanto que com aquela pequena colher ele pretendia cavar um túnel para poder fugir do inferno. 

Decidimos não visitar as minas de sal e fomos conhecer o campo de concentração. Mas esse é outro relato.

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