Nosso próximo destino era um santuário à beira de um penhasco, na direção de Affi. Segundo a indicação do GPS havia um santuário não muito longe de onde estávamos. Pelas placas de trânsito seguimos a indicação de um santuário e chegamos num local que nada tinha a ver com penhascos, mesmo por que por ali não havia qualquer morro ou montanha. Era o Santuário Al Fracino. É um local religioso construído pelos franciscanos. Pedimos informações para uma senhora que estava por ali e ela não soube nos dar informações do santuário que procurávamos. Ela era de Milão e estava naquele local acompanhando um grupo de jovens, todos apresentando algum tipo de deficiência mental. Mesmo assim ela tentou falar com o padre responsável pelo local mas naquele momento ele estava tirando um siesta, pelo que resolvemos ir embora e continuar procurando. Ao chegarmos no nosso carro, ao lado recém tinha estacionado outro e a Lourdes viu no vidro lateral um adesivo plástico aludindo à Madonna Della Corona, que era justamente o local que procurávamos. Pediu informações à referida pessoa que nos deu todas as indicações necessárias, esclarecendo que o santuário ficava na direção de Affi, mas tínhamos que andar mais um pouco, em direção a Roveretto. Em Affi pedimos informações. A pessoa nos orientou a irmos em direção a Caprino Veronesi e de lá para Spiazi, que é onde fica o dito santuário. Finalmente o GPS nos colocou na estrada que leva para Spiazi. Estamos nos pré-Alpes. Vamos subindo por uma estrada não muito larga mas que oferece segurança para transitar. Vê-se muitas casas antigas e muitos vinhedos. Chegamos ao nosso destino. Estacionamos o carro e dali tinha-se um visual maravilhoso. Num bar adquirimos os tickets para irmos até o santuário de micro-ônibus. Lá não entram veículos particulares. Logo saberemos a razão. Pode-se ir a pé, mas são 1.850 degraus. Preferimos o microônibus, por motivos óbvios. Spiazi é uma dessas cidadezinhas especiais. Situada no alto, com poucas casas, todas feitas de pedra à beira da estrada. Quem mora aqui, com certeza mora pertinho do céu. Chegou o nosso microônibus. Só tinham italianos e uma das expressões que ouvi, quando descíamos pela estradinha foi: can del ostrega! Fomos descendo pela estrada encravada no penhasco. É bem estreita, asfaltada, cheia de curvas em cotovelo e por ela passa só um veículo, nada mais. Ao final do percurso o microônibus volta em marcha a ré por alguns metros, até a última curva, para ficar posicionado para o retorno. A maneira como a estradinha foi construída lembra a nossa Estrada do Rio do Rastro. Só que aqui, ela é bem estreita. Descemos e já dá para avistar o santuário.
Realmente ele é encravado na montanha. É uma coisa de louco. Fomos caminhando pela continuação da estradinha e num determinado ponto passamos por um túnel de uns vinte (20) metros de cumprimento. Com certeza estamos num local místico. Entramos na igreja e estava sendo celebrada uma missa. Lembrei do homem que tinha o adesivo no carro e que nos deu as primeiras informações do santuário. Quando nos despedimos, ele, de maneira até humilde, pode-se dizer, pediu que quando lá estivéssemos, rezássemos uma ave-maria por ele. O fiz mentalmente. Com a celebração da missa, em sinal de respeito, não fotografamos o local. O altar da igreja é a própria rocha da montanha, assim como o é a lateral esquerda. Depois ficamos sabendo que os materiais de construção foram descidos por cordas a partir de uma casa que existe no alto do morro. O visual aqui de cima é de tirar o fôlego. Passamos na lojinha para comprar alguma recordação do local e encontramos uma freira que morou no Brasil por 30 (trinta) anos. Ela ficou bastante satisfeita em poder conversar em português conosco. Depois passamos no bar para comer alguma coisa. Pedimos café. Eu pedi um strudel e a Lourdes pediu um croissant. Tinha plaquinhas que indicavam crema e vodo. Indagamos da moça que nos atendia o que era vodo e ela, dando uma risada, respondeu: - niente, ou nada em português.
Eu disse: - niente não, pois se estava vazio tinha vento. Rimos todos.
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