No dia em que visitamos o Campanário da Igreja San Pietro, em Bolonha, havia um casal que aparentava mais idade que a nossa, ou seja, além dos setenta. Chegaram eufóricos ao topo da torre e acompanharam com real interesse todas as explicações do nosso guia, que por sinal era um brasileiro de Goiânia.
Quando resolvemos descer, o referido casal saiu na nossa frente. Pensei por um momento que teríamos nossa trajetória retardada. Ledo engano. Eles enfrentaram a descida com bastante disposição.
Houve um momento em que o sujeito ia descendo e cantando. Começou com 'O Sole mio, depois engatou um Torna a Surriento, e se sucederam outras canções napolitanas.
Não é que ele fosse de todo afinado mas tinha uma voz potente. Apenas naqueles agudos em que poucos são capazes de alcançar, ele não era do seleto grupo dos poucos e... falseava. Então, oportunamente, trocava de música.
E assim fomos até a base da torre a partir de onde ingressamos na cripta. Cumprimentei o entusiasmado tenor e na oportunidade ele me disse que acabara de completar 77 anos de idade e cantar sempre foi a sua grande diversão e forsi um sonho artístico.
Por seu turno, sua esposa nos confidenciou que sempre que o Genaro (o nome inventei agora) vai tomar banho, ela se prepara pois sempre acontecem as entusiasmadas demonstrações líricas. Ainda bem, ela complementou, que ele toma banho apenas duas vezes por semana.
De minha parte fico no direito de pensar que o nosso aspirante a tenor só não chegou ao estrelato por falta de... banho.
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