Na minha idade as cáries já não se instalam com a freqüência dos anos dourados. Em compensação (?) inicia a fase de dentes trincados/quebrados.
Pois me debatendo com uma pipoca mal estourada, quem cedeu foi o lado mais fraco - um molar. Molares fazem a alegria dos dentistas, diga-se de passagem.
Na hora agendada, acomodado naquela cadeira rodeada de temíveis instrumentos, mentalmente cogitei sobre a hipótese de ser dispensada a anestesia. Que nada! Sádico, o dentista aplicou a sua vingança diária contra a humanidade.
Uma hora de boca aberta. Aí vem a segunda parte da vingança: só ele fala, e como fala!
Mas quando a "reforma" estava findando aconteceu o inusitado, ao menos para mim.
Aquele sugador de saliva resolveu investir contra umas glândulas acomodadas sob a língua e a dor que se seguiu mostrou-se incomparável com aquela da picada da anestesia.
Com pequenos jatos de água e pinceladas de pasta anestésica, foi possível desgrudar o sugador, que teimava continuar mamando.
Passado o susto e também a dor eu comecei a rir, imaginando uma cena que o próprio dentista havia relatado como sendo seu protagonista.
Em sua primeira viagem de avião rumo à Europa, em dado momento ele necessitou aliviar suas tensões intestinais.
Findo o serviço, na procura de material higiênico, inadvertidamente acionou a descarga do bacio, seguindo-se aquele som característico de tais compartimentos aeroviários.
O primeiro pensamento que lhe veio à cabeça foi calcular a força sugatória daquele diabólico dispositivo, tão próximo de algumas jóias balanceantes.
Ele não entendeu o motivo das minhas risadas.
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