A viagem de retorno ainda renderia alguns sobressaltos. Nossos bilhetes previam um vôo de Compostela para Madri, via Ibéria.
O trecho Madri/São Paulo seria pela Varig. Porém, a Varig já dava sinais de fraqueza.
Nosso vôo foi cancelado e nós fomos direcionados para Milão, de onde partiríamos rumo a São Paulo.
Com o remanejamento precisamos retirar nossa bagagem e despachá-la novamente.
O primeiro pensamento foi no sentido de que o azeite comprado na Espanha poderia ser barrado na hora do reembarque.
Durante o procedimento fomos indagados acerca do conteúdo daquelas embalagens. Diante da nossa "confissão", a atendente nos disse que poderíamos despachá-las só porque era a Varig, o que não seria possível por outra companhia.
Não cheguei a testemunhar os anos de ouro da Varig. Mesmo assim tive algumas boas experiências. Certa feita, já acomodado na minha poltrona, num vôo Brasília/Curitiba, fui convidado a ocupar um lugar na classe executiva.
Preciso explicar que era um trajeto internacional, eis que o destino final era Buenos Aires. Curioso, quis saber o motivo da minha transferência. Com lotação esgotada na classe econômica e assentos vazios na classe executiva, transferindo passageiros portadores do cartão-fidelidade, que era o meu caso, a aeronave poderia acolher mais viajantes. Na mesma oportunidade, testemunhei idêntico convite a um outro passageiro, a quem foi dado o privilégio de ser acomodado na cabine de comando.
Mas a facilidade de upgrade para a classe executiva em vôos internacionais para mim era o máximo. Bastava contar com milhas suficientes. Conquanto que houvesse poltrona disponível (não vendida), a solicitação era atendida no ato, sem qualquer tipo de burocracia.
Experiência oposta tivemos tempos depois. Em condições dramáticas, embarcamos em Paris pela desagradável TAM. Minha esposa estava com o pé quebrado. Embora alguns assentos vazios na classe executiva, tal comodidade lhe foi negada.
A situação foi remediada em parte por um funcionário da Tam que estava de férias e viajaria ao nosso lado. Ele gentilmente cedeu seu lugar para que a minha esposa pudesse ter um pouco de conforto com a perna na horizontal.
No desembarque, nem mesmo uma cadeira de rodas foi disponibilizada a ela.
Por essas e por outras que até hoje a Varig é cantada em prosa e verso.
Verdade. Deixou saudades.
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