Sempre chegavam novos moradores no bairro. Muitas famílias vindas do interior e mesmo de municípios vizinhos se instalavam por lá. Geralmente eram atraídos pela possibilidade de emprego na empresa Eberle, que não ficava muito distante. Era o caso da família do Tóio, oriundos de alguma cidade vizinha.
Tóio, o nosso personagem, era um rapaz com cerca de vinte (20) anos de idade. Mentalmente andava pela casa dos dez (10). Gostava muito muito de futebol e acompanhava as notícias dos clubes da capital assim como dos grandes centros. No seu mundo de fantasias, ele se dizia um craque.
Seu sonho era disputar o campeonato varzeano, jogando pelo clube do bairro. A chance nunca chegava. Para tanto, ele deveria apresentar a documentação comprobatória de plenas condições para ser inscrito pelo clube junto à Liga Caxiense de Futebol.
Claro que isto tudo era alimento para o seu mundo de fantasia.
Outras vezes, o engodo era o fato de ele estar fora da melhor forma física, não sendo recomendável participar de qualquer disputa sem estar em condições para tal. De fato, o Tóio era um pouco gordinho para a prática de esportes e precisava aprimorar o condicionamento físoco.
Mas dada à insistência, foi simulada a assinatura de um contrato com o clube e a partir daquela data, ele passou a considerar-se oficialmente como atleta legalizado.
Só que as oportunidades para jogar nunca chegavam. Utilizavam-se desculpas de toda ordem.
- Que tal uma estréia numa preliminar com Grêmio ou Inter num confronto contra o o Juventude ou o Flamengo? Já pensou, estádio lotado e talvez uma chance de ser visto pelo treinador de um clube da capital?
E assim, a direção do clube ia levando.
Certo dia, num fim de tarde, o Tóio veio desesperado até a sede do clube. Estava desolado. Sua família estava prestes a voltar para a sua terra natal. Por isto, ele queria que a direção lhe desse o passe livre para poder jogar pelo clube de sua cidade.
Nem todos sabiam da história do Tóio e da assinatura de um contrato com o clube. Enfim, ninguém resolvia o problema do pobre rapaz, até que alguém, mais sagaz, pegou uma folha de papel e escreveu qualquer coisa e o entregou ao Tóio, dizendo-lhe que mediante aquele documento ele estava livre para atuar em qualquer clube.
Para ele, o papel era um autêntico "passe livre". Com o documento em mãos saiu correndo em direção à sua casa, feliz da vida...
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