domingo, 12 de novembro de 2023

AZEITE DA ESPANHA

Turistando pelo interior da Espanha alguém do nosso grupo, num momento de infeliz inspiração, sugeriu uma visita a um moinho de azeite onde seria possível conhecer o processo produtivo, etc e tal. Até aí nada de anormal.

A sugestão acabou sendo aceita e durante a visita ficamos sabendo que era possível comprar razoáveis quantidades de azeite extra virgem. Todos se empolgaram e foram as compras, inclusive eu. Ali mesmo o precioso líquido foi depositado em galões de cinco (5) litros, que por sua vez foram acondicionados em caixas de papelão. Para evitar vazamentos, o gargalo era lacrado com fita crepe. E assim, aquele verdadeiro contrabando de azeite foi depositado no compartimento de bagagens do nosso ônibus e não nos causou qualquer transtorno até o final da viagem em Santiago de Compostela.

No aeroporto, cada um dos exaustos e felizes turistas carregou suas tralhas e cada um a seu tempo dirigiu-se aos balcões para o respectivo chek-in. Todos passaram sem quaisquer problemas, menos eu.

Deu-se um impasse. Eu não poderia entregar os meus companheiros de viagem mas também não queria deixar a mercadoria para trás. A funcionária que nos atendia era intransigente. Era proibido o despacho de tais mercadorias. Deveríamos despachá-las como carga em vôo diverso do nosso.

A nossa guia, vendo a dificuldade, nos socorreu providencialmente. Orientou-nos a completar o chek-in apenas com as nossas malas. A seguir, deslocou o carrinho com o azeite para um outro guichê. Apanhou os cartões de embarque de um membro do nosso grupo que viajava sozinho e não comprara nada e falou para a funcionária que o mesmo havia esquecido de despachar aquela parte da sua bagagem. O azeite foi despachado sem problemas.

Problema mesmo só veio a se revelar quando retiramos nossa bagagem em Florianópolis. Um dos galões, dos meus por sinal, não aguentou a pressão e cedeu um pouco na vedação feita ainda na Espanha e vazou. Pouca coisa, é bem verdade, mas o suficiente para dali para frente não mais pagar mico algum por compras exageradas no exterior.
(Out/2004)

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