Carlos Heitor Cony
Por que ainda não enforcaram o Roberto Jefferson, o corrupto, o homem que defendeu Collor, o acusador sem provas? Como acreditar num país que poupa criminosos deste tipo, que roubam o povo, agridem a ética e enxovalham a nação?
Por que afinal, após tantas provas, ainda não amarraram o Paulo Maluf num pau-de-arara, deixando-o sem pão e sem água até que ele estertore de dor e raiva, morrendo como um cão, indo pagar no inferno a culpa de seus nefandos crimes?
Por que Garotinho e sua mulher continuam impunes, ludibriando o povo com suas trapaças eleitorais e suas improbidades na administração pública, quando, num país decente, com imprensa decente, o povo devia ser convocado para, em praça pública, apedrejar o casal, deixando os corpos insepultos para serem devorados pelos cães?
Por que... por que... por que... --são muitos os por quês levantados diariamente nas cartas dos leitores aos jornais e revistas e nos e-mails de cidadãos honrados, extremamente éticos, que querem matar e esfolar, querem ver sangue.
Costumo receber mensagens nesse sentido, gente indignada com o descalabro reinante. Reclamam que o cronista insiste em remar contra a maré, não participando do moralismo (agora chamado de ética) que exige sangue, na base do "Mata! Esfola!"
Citei Roberto Jefferson, Maluf e os Garotinhos aleatoriamente. Não os acuso de nada, não é minha função nem tenho o conhecimento bastante da causa deles. Lembrei esses nomes e poderia lembrar o de muitos outros contra os quais é pedido o linchamento sumário. Desejo apenas mostrar a vulgaridade desse tipo de indignação. Frequentemente, a história prova que os sentimentos coletivos de repúdio ou admiração foram provocados por má informação ou burrice.
Fonte: Folha de S. Paulo - 12/07/2005
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