Ruy Castro
Muito prazer: Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães d'Aurea Bengell
Ao escrever outro dia sobre nomes tão extensos que, segundo o crítico Agrippino Grieco, só podiam ser percorridos de táxi, um leitor me lembrou o de um jornalista a quem devo muito: Franz Paul Trannin da Matta Heilborn —Paulo Francis. E me alertou para os nomes de grandes literatos do começo do século 20: Silvio de Vasconcellos da Silveira Ramon Romero, o crítico Silvio Romero; José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque, o delicioso memorialista Medeiros e Albuquerque; e Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araujo —Joaquim Nabuco, claro.
No teatro, certos nomes tiveram de ser abreviados para caber nas marquises. Daí Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Martinenghi de Guarnieri resumiu-se a Gianfrancesco Guarnieri. Wilza Carla Rossi de Brandizzi Ciribelli Marques Pereira da Silva ficou sendo a vedete Wilza Carla. E a bela Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães d’Aurea Bengell tornou-se (para quê mais?) Norma Bengell.
Não vamos citar aqui os nossos imperadores. Mas, se fôssemos, veja só: D. Pedro 1º era Pedro de Alcântara Francisco Antonio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim. E D. Pedro 2º, Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga. Acreditava-se que acrescentar os nomes de santos, mártires, anjos e arcanjos protegia os monarcas.
E, a provar que nomes impossíveis não são coisa só de brasileiro, veja Agatha Mary Clarisse Miller Christie. Agatha Christie, claro. E Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria de los Remédios Cipriano de la Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso? Também conhecido como Pablo Picasso. Ou só Picasso.
Em compensação, certa vez, trabalhando na revista Manchete, tive de adotar um pseudônimo tão curto que coubesse nas cinco últimas batidas da linha. E achei: Ed Sá.
Fonte: Folha de S. Paulo
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