Fernando Albrecht
Eu sou eu mais as minhas circunstâncias, escreveu o filósofo Ortega Y Gasset. Às vezes, a circunstância pode ser uma tampinha de garrafa.
São três episódios marcantes envolvendo essa pequena peça que hoje vale o que pesa por serem de alumínio, que não oxida. Por isso, pode ser armazenada a céu aberto.
O primeiro episódio se deu nos anos 1970 envolvendo a Cervejaria Polar de Estrela e a Antárctica. O colunista Carlos Coelho escreveu no Informe Especial da ZH que a segunda tinha sido comprada pela primeira.
Caiu o mundo, a Polar negou veemente, o Coelho teve que se retratar. Dias depois, o colunista bebia uma cerveja e, em dado momento, viu que, na parte interna da tampinha, estava escrito “Fabricada pela Cervejaria Antárctica”. Triunfante, ele reabriu a coluna e publicou com detalhes a nota. Desta vez ninguém desmentiu.
A segunda tampinha circunstancial se deu em Uruguaiana. O velho Tuxo, personagem folclórico da cidade, gostava de mostrar seus bíceps e, para provar sua força, esmagava a tampinha só com dois dedos da mão. A criançada ficava impressionada, ao que ele comentava.
– E é a mais forte que a companhia produz!
O terceiro episódio envolve a Pepsi Cola de Porto Alegre no início dos anos 1960. A Coca Cola dominava o mercado. Mas o português Heitor Pires criou promoções que deixaram a Coca comendo poeira.
Uma delas consistia em imprimir prêmios no fundo na tampinha. Outro refrigerante grátis, quantia em dinheiro e o prêmio maior: um Fusca. Só um foi sorteado.
Aí vem a lenda: alguém apareceu com a tampa do fusca com detalhes microscópicos como cédulas da Casa da Moeda. Remédio era dar um segundo carro, até que um funcionário da Pepsi olhou para o outro lado.
Era uma tampinha da Brahma.
Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br
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