quarta-feira, 6 de setembro de 2023

VIVOS PARA SEMPRE

Ruy Castro

Como seriam as continuações de clássicos do cinema com seus atores originais, mesmo já mortos?

Ouço dizer que, com a Inteligência Artificial, astros do cinema já mortos voltarão espetacularmente a trabalhar. A IA poderá reproduzi-los como eram sem reciclar material pré-existente, como fizeram com Harrison Ford, 80 e quebrados, que ressurgiu jovem e pimpão num recente épico. Donde será possível produzir continuações de clássicos do cinema com os atores originais, mostrando o que aconteceu com os personagens depois do "The end".

Com "Casablanca" (1942), é fácíl. Já sabemos que, depois de botar Ingrid Bergman e o marido naquele vôo para Lisboa, Humphrey Bogart e o chefe de polícia vivido por Claude Rains informam que ali era o começo de uma bela amizade e que iriam embora de Casablanca. No novo filme, eles assumirão que será em lua de mel e que virão para o Rio, já cheio de refugiados europeus e onde certamente encontrarão conhecidos. Se serão felizes para sempre, fica por conta do roteirista.

E uma continuação de "Um Corpo que Cai" (1958)? Depois de perder Kim Novak pela segunda vez, James Stewart é reinternado na clínica para se recuperar e, ao receber alta, encontra outra mulher igualzinha a Kim. Descobre que, de novo, é a mesma Kim e que ela também não caíra daquela torre, e sim mais uma dublê. Mas, desta vez, Stewart não quer se arriscar a mais uma decepção. Sobe à Golden Gate e se joga lá de cima na baía de San Francisco —desculpe o spoiler.

E como seria um pós-"E.T." (1981)? O querido extraterrestre chegou ao seu planeta e o encontrou destruído por uma guerra nas estrelas. Resolve então voltar para a Terra e abrir em Orlando, Flórida, um parque de diversões com as bicicletas voadoras, que ele controla mentalmente. Só que, um dia, chega a Orlando um ex-presidente brasileiro. Ele corrompe o E.T. e, com a mente deste abalada, as bicicletas começam a cair. O parque vai à falência e E.T. faz uma delação premiada no FBI.

Ok, são só sugestões.

Fonte: Folha de S. Paulo

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