Número: 011
Data: 10/01/2018
Título: A QUESTÃO DO TREMA
Oficialmente já não se usa mais o trema, que em Portugal havia sido abolido em 1932. A exceção fica para as “palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller, etc.” (cf. Acordo Ortográfico Da Língua Portuguesa - Decreto 6.583, de 29 de setembro de 2008). Nos nomes próprios estrangeiros mantém-se não só o trema como “quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita”, como por exemplo ett, ff, m antes de t.
Por estarmos familiarizados com a pronúncia de vocábulos como antiquíssimo, cinquenta, cinquentenário, consequência, equestre, equitativo, liquidificador, liquidação, sequela, sequestrador, subsequente, tranquilidade, aguentar, ambiguidade, linguística, linguiça, sagui, pinguim, unguento, a presença do trema não faz nem fazia diferença para nós, sendo por isso dispensável.
O trema, contudo, se não faz falta nas palavras de uso comum, é imprescindível nos nomes próprios – e não apenas nos de origem estrangeira – pois ele informa sua leitura correta. Para exemplificar: só quem conhece bem a nossa História vai falar corretamente “Via Anhanguera” – com o u pronunciado – mesmo que ali não encontre o trema. E somente quem é de Curitiba sabe que o nome do parque Barigui deve ter o u proferido; uma pessoa de fora, se não encontrar essa palavra tremada, por certo lerá a última sílaba como dígrafo, isto é, como gui de guia. Então é conveniente, para o bem de todos, que se escreva Anhangüera e Barigüi, mesmo porque ambos os nomes, sendo de origem indígena (em tupi, anhangüera quer dizer “diabo velho”, e barigüi, “mosquito”), podem ser enquadrados na norma dos estrangeiros.
A REGRA
Empregava-se o trema nas “sequências gu e qu seguidas de e ou i, nas quais o use pronuncia”. Em outras palavras: trema só nos grupos gue, gui, que, qui que tenham o u pronunciado (atonamente, como semivogal, pois se configura aí um ditongo crescente).
A ideia do trema era mostrar a diferença de pronúncia entre GUEto, GUIsado, QUENte, QUIlo e alcaGÜETO (verbo), saGÜI, freQÜENte, tranQÜIlo, por exemplo. Embora sem trema, a pronúncia dessas palavras continua a mesma.
Instituto Euclides da Cunha
Luiz Fernando de Queiroz, diretor
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Fonte: https://www.linguabrasil.com.br
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