Fernando Albrecht
O Restaurante Dona Maria, que também era bar, pegou fogo no início dos anos 1970. Ficava defronte ao posto da Brigada Militar, na rua José Montaury.
O incêndio queimou os quadros, que o proprietário Ernesto Moser tão laboriosamente pintou durante anos. Matou um funcionário, que estava no lugar errado na hora errada.
Deixou órfãos os habitués da famosa Mesa Um e desnorteou os fregueses assíduos. Meses depois, voltou ao normal.
O que mudou foi que, em dias de chuva forte, a água, que as bocas de lobo da Rua da Praia não davam conta, penetravam o Dona Maria. Então por cerca de 20 minutos a meia hora todo o salão ficava com 3cm de água.
Seu Ernesto e os clientes da Mesa Um não se abalaram. A casa fornecia engradados de cerveja vazios para que eles pudessem colocar os pés a fim de continuar bebendo, apesar da inundação.
Certa noite, a enxurrada veio mais forte. A clientela saiu às pressas para a rua. Afinal, melhor água em cima que água no sapato.
Um médico nordestino que sentava com duas amigas na entrada do estabelecimento ficou. Passou-se um bom tempo até que se ouviu chap-chap-chap de alguém caminhando em área alagada. O bom doutor parou na frente da mesa do dono, botou as mãos na cintura e o encarou.
– Então, seu Ernesto, em vez de pegar fogo agora a casa vai a pique?
Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br
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