quinta-feira, 13 de abril de 2023

PLANO DE PREVIDÊNCIA NÃO É PLANO DE APOSENTADORIA

Michael Viriato*

O nome plano de previdência induz aplicadores a acreditarem que possuem um plano de renda para aposentadoria

O nome previdência privada não é adequado. Ele leva a um erro de compreensão do que ele promete e de sua razão. Explico o erro, como você tem de interpretar e o que você não deve procurar no mercado ou será enganado.

Na mente da maioria dos indivíduos previdência está associada a um plano de recebimento de renda ao se aposentar.

Recebo vários questionamentos sobre o quanto se deve ganhar de aposentadoria com o plano de previdência que o investidor possui.

Ontem mesmo, a pergunta de um leitor foi sobre a modalidade de previdência que garante uma renda vitalícia.

Quase todos os planos de entidades fechadas, que prometiam pagar uma renda vitalícia definida, ou quebraram ou mudaram seus sistemas para os planos que hoje são conhecidos como "contribuição definida". Portanto, se tornaram planos de acumulação de recursos.

Não poderia ser diferente. Todos sabem que não é possível garantir rentabilidade por anos e como estamos vivendo mais, não tem como ser sustentável um plano que promete te pagar um benefício fixo até você morrer e ainda extensível ao conjugue. Portanto, se você tem um plano de benefício definido como estes, fique atento.

Somente o INSS faz isso, mas quem garante o pagamento é todo o povo brasileiro. Certamente, este produto também em breve vai deixar de ser sustentável e quem não aproveitou, vai lembrar com saudosismo que só pagou para os outros.

O nome correto para os planos de previdência deveria ser "plano de acumulação". Assim como os de entidades de previdência fechadas, ou seja, as fundações. O nome deveria ser plano de acumulação privada.

Todo plano de previdência não passa de uma forma de acumulação. Não são planos de previdência, nem para a previdência.

De fato, a única razão para se ter uma previdência privada são os benefícios fiscais atrelados. Retirando isso, ela é apenas um produto de acumulação de recursos, ou seja, uma forma de disciplinar a poupança.

Também não se iluda com o ponto a seguir.

Se você tem um plano de previdência privada, pois lá está escrito que há a possibilidade de renda vitalícia. Não se engane. Provavelmente, se você contratar este "benefício", você vai receber menos renda neste "benefício" do que se aplicar quase em qualquer ativo. Talvez, até menos que na poupança.

Portanto, nunca, repito, nunca exerça o "direito" de converter sua previdência privada sem ler com cuidado que taxa de juros você vai ganhar no período de renda.

Em quase 100% dos casos, a taxa de juros é ZERO.

Isso quer dizer que se você tem R$ 1,2 milhões aplicados e desejar receber a renda por 20 anos, a seguradora vai apenas dividir o montante por 240 meses. Logo, R$ 1,2 mi/ 240 = R$ 5 mil mensais.

Logo, isso não se trata de um benefício, mas de uma penalidade.

Portanto, não procure no mercado um plano que te prometa renda vitalícia. O mais provável é que você fique com a promessa e com menos dinheiro.

Assim, os planos de previdência privada deveriam ser chamados de "planos de acumulação com penalidades atreladas caso deseje". Tenho certeza de que o leitor desta coluna já me viu escrever sobre isso e nunca vai exercer esta penalidade. Mas, acredite, muitos, inadvertidamente, o fazem.

Por favor, não me interprete mal. Adoro os planos de previdência privada. Acho que são excelentes produtos se você escolher adequadamente. Eles possuem excelentes benefícios, mas estes estão atrelados apenas a parte de impostos. O que já é um tremendo benefício.

*Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

Fonte: Folha de S.Paulo

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