Marcelo Duarte
Filmes de Walt Disney foram baseados em contos de fadas muito antigos e um tanto sombrios
Teve uma época, muito tempo atrás, que eu achava que Walt Disney tinha criado todas as princesas. Branca de Neve? Walt Disney. Cinderela? Walt Disney. A Bela Adormecida? Walt Disney. Não foi bem assim.
Todas essas histórias foram escritas bem antes de Walt Disney ter nascido. Seus estúdios se apoderaram das tramas e fizeram adaptações para o cinema mais ao gosto familiar. Os filmes foram baseados em contos de fadas muito antigos —e um tanto sombrios.
Vou contar algumas curiosidades sobre três deles.
Branca de Neve
O primeiro filme de animação de Walt Disney foi "Branca de Neve e os Sete Anões", de 1937. A história é bem fiel à contada pelos irmãos alemães Jacob e Wilheim Grimm em 1812.
Mas, para começo de conversa, não teve beijo do príncipe em Branca de Neve. O príncipe se apaixonou por ela quando a viu morta. Decidiu levar o caixão para cima e para baixo. Os empregados estavam cansados desse trabalho e um deles deu um tapa nas costas de Branca. O tapa foi tão forte que o pedaço de maçã envenenado foi cuspido para fora e ela voltou a respirar.
Teve mais: o final original é assustador. A rainha má foi convidada para o casamento da princesa e do príncipe. Só que é obrigada a calçar sapatos de ferro em brasa e dançar até morrer de exaustão (e com os pés queimados).
Cinderela
O ponto de partida dessa trama levada ao cinema em 1950 por Walt Disney foi "Pentamerão", de 1634. A coletânea de contos do escritor italiano Giambattista Basile serviu de base para versões do francês Charles Perrault e também dos irmãos Grimm.
Na versão original, as irmãs de Cinderela, a mando da mãe, cortam pedaços dos pés para conseguirem calçar o sapatinho de cristal, que garantirá a uma delas o casamento com o príncipe. Uma decepa os dedos dos pés e a outra tira um pedaço do calcanhar. Um show de horrores.
Só que pombos veem tudo e avisam ao príncipe. No final da história, as irmãs comparecem ao casamento de Cinderela, mas os pombos bicam seus olhos para que elas não vejam a noiva.
A Bela Adormecida
A primeira versão, chamada "Sol, Lua e Talia", também de Giambattista Basile, tem um enredo tão chocante que vou poupá-los de detalhes sórdidos. Em 1697, Charles Perrault resolveu escrever uma versão mais light da história. Mesmo assim, nem tudo era cor-de-rosa.
Certo dia, o príncipe parte para a guerra e deixa a princesa e os dois filhos aos cuidados da rainha, que tenta comê-los. Como seu plano não dá certo, ela acaba se atirando em um poço cheio de cobras. O filme da Disney, de 1959, não tem nada disso.
E, depois, ainda dizem que todos viveram felizes para sempre...
Fonte: Folha de S.Paulo
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