Carlos Heitor Cony
Outro dia, aqui mesmo nesta coluna, falei mal do google. Considerando-o uma espécie de enciclopédia para burros e afins. Recebi uma enxurrada de mensagens com protestos radicais e até ofensivas, posso dizer, sem exagero, que mais de uma centena delas. Entupiram meu notebook.
Desprezando críticas e insultos, ficando no que interessa, a maioria delas tentou explicar pacientemente a um ignorante como eu, como usar corretamente o google, uma vez que deixei claro que ainda estou no jardim-de-infância da internet, não passei do abecedário, que nem sequer domino inteiramente. Prometo que, no tempo que me resta, farei tudo para chegar pelo menos ao "Ivo viu a uva".
Leio agora nos jornais e revistas duas coisas que, para um leigo como eu, me pareceram antagônicas. De um lado, críticas generalizadas de especialistas ao sistema e aos propósitos do google, bem verdade que em nível diferente do meu. De outro lado, a notícia de que o google de tal forma cresceu e se aperfeiçoou, que em breve será um concorrente da própria internet, dotando o mercado eletrônico de um instrumental bem mais desenvolvido, confiável e barato.
"Alvíssaras! Alvíssaras!/ meu capitão general,/ que avistei terras de Espanha,/ areias de Portugal" (Estou citando uma estrofe da "Nau Catarineta", poema mais ou menos folclórico da nossa literatura clássica).
É isso ai. Não tenho nada contra ou a favor do google. Como o marujo que está no mastro mais alto da nau, a mão estendida na testa para enxergar melhor o horizonte, dou o meu grito e expresso meu júblilo: Alvíssaras meu capitão general, vou avistar terras de Espanha e areias de Portugal!
Fonte: Folha de S. Paulo - 14/02/2006
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