Meraldo Zisman*
Estudo feito com 203 milhões de usuários do Facebook em quatro países da América Latina — Brasil, Argentina, Colômbia e Chile – indica que os usuários mais velhos saem na frente em compartilhamento de notícias sobre política, fake news e com mensagens de viés ideológico. Reproduzo aqui trecho de artigo da jornalista Thaís Oyama:
“Quando adquiri o meu primeiro computador (um enorme IBM), dada a minha persistência e dificuldades de lidar com esta novidade, escrevi então um artigo, sugerindo que ninguém deveria obter, adquirir, comprar ou ganhar tal equipamento sem antes produzir uma certidão de ser avô, ou avó de netos adolescentes. Tive que contratar um professor de informática para, rudimentarmente e até hoje, manejar a geringonça. Hoje estou mais falante da informática e seus avanços fixos e móveis, mas o sotaque permanece o mesmo como quando tenho de falar outra língua que não seja a materna. A única coisa que incluo, agora, notado é que, as crianças de hoje e jovens utilizam os dedos polegares com destreza encantadora”.
Avento que a Humanidade está dividida em duas épocas: A.C. (antes do computador) e D.C. (depois do computador), a partir da década de 1970, quando inventaram o refrão World Wide Web (www).
O avanço tecnológico das comunicações, que teve origem em 1960, transformou o Mundo. E acrescento: este arrazoado todo foi para tentar chamar a atenção dos envolvidos, segundo noticiam alguns canais de tevê., na afirmativa de que a média de idade dos suspeitos de envolvimento nos recentes episódios do quebra-quebra da nossa Versalhes Tropical (Brasília) é alta em relação à população nacional. Creio que este fato, se verídico, seria um bom indicador de como as mensagens “fake news” podem influenciar os mais velhos, inclusive durante a recente pandemia do coronavírus. Como psicoterapeuta e simples cidadão, já na oitava década de vida, pergunto: estaremos sendo vítimas de novo preconceito denominado de ageísmo: “Visão negativa, aversão e preconceito praticados por pessoas mais velhas”.
Advirto que o novo vocábulo deriva da junção da palavra inglesa “age”, que significa idade e do sufixo -ismo. Esclareço. Anglicismo é um termo ou expressão da língua inglesa adotado por outra língua, seja devido à necessidade de designar objetos ou fenômenos novos, para os quais não existe designação adequada na língua alvo. Quanto ao ageísmo, será talvez interessante que meus colegas Geriatras o estudem mais profundamente e tentem descobrir seu relacionamento com a geração ‘nem-nem’.
Comentário: acho normal que os mais velhos absorvam/repassem mais mensagens digitais porque são mais experientes e generosos, procurando apenas alertar outros cidadãos para certos ‘perigos’ – que, no entanto, infelizmente podem ser fakes…
*Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. É um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE). Imortal, pela Academia Recifense de Letras, da Cadeira de número 20, cujo patrono é o escritor Alvaro Ferraz.
Fonte: https://www.chumbogordo.com.br/
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