José Horta Manzano
Estava lembrando da primeira vez que, num jogo do Brasil de Campeonato Mundial, percebi que nosso hino tinha sido truncado. Aconteceu faz umas três ou quatro Copas. A execução parou no “salve, salve”. Foi esquisito. Cioso do respeito aos símbolos da nação, cheguei a pensar que a vitrola tivesse enguiçado, como ocorria nos discos de antigamente. Depois me informaram que o problema não era de toca-discos, o encolhimento era decisão da Fifa. Como assim?
Pois é, a imensa (e bilionária) empresa que regula o futebol no planeta um dia decidiu que nenhum hino poderia mais passar de 90 segundos (um minuto e meio). O nosso, incluindo a introdução, excedia o prazo estipulado. Portanto, guilhotina nele!
Achei revoltante. A meu ver, a Fifa não é a instância adequada para determinar o tempo de execução de hinos nacionais. Podem decidir, por exemplo, que hinos não sejam mais tocados. Mas não faz sentido alocarem um tempo “tamanho único” para todos.
Essa é minha visão. O Brasil de 2014, ansioso por hospedar a Copa, passou por cima dessas miudezas. Não se avexaram e engoliram o hino truncado. Cutucado, o público deu o troco. Uma vez desligado o som nos estádios na altura do “salve, salve”, o povo continuou cantando a cappella, sem orquestra, num espetáculo de dar arrepio.
Este ano, talvez o leitor já tenha reparado, nosso hino voltou a ser cantado até o fim. Talvez alguém tenha feito uma reclamação à Fifa, argumentando que do “Ouviram do Ipiranga” até o “Pátria amada, Brasil” correm 95 segundos, ou seja, somente 5 a mais que o permitido. Não era pedir muito. Foi concedido.
Bom, graças à Fifa, já recuperamos o hino. Falta que nos devolvam a bandeira, que anda por aí, coitada, tomando chuva e envolvendo ombros zumbis.
Fonte: https://brasildelonge.com/
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