domingo, 13 de novembro de 2022

O CASO DO ALFONS, UMA VEZ

Fernando Albrecht
Pululam por aí chistes, ditos e causos envolvendo o sotaque abrasileirado dos descendentes de alemães  ou até mesmo os in natura. É muito difícil dar graça no escrever, e mesmo no falar é brabo. 

Principalmente quando o imitador não é iniciado na língua de Goethe. 

Então aqui vai um causo meu.  

Em uma cidade do vale do Caí, ficou famoso um subprefeito chamado Afonso, que circulava muito nos distritos cuja população era predominantemente de origem alemã. Então Afonso virou Alfons – a pronúncia fica entre o “s” e o “z”. 

Pelo seu jeito de agir, logo virou personagem folclórico. Muito prestativo, fazia o bem sem olhar a quem. 

Um dia um caminhão da prefeitura manobrava numa rua muito estreita. Vendo a cena, o Alfons foi para a parte traseira do veículo e começou a dar dicas.     

– Vem de ré, uma veiz, não tem ero.  

Preocupado com o pouco espaço, o motorista ficou na dúvida.     

– Mas tá tudo limbo aí atraas?     

– Vem ti rindo, só tem um bosta.  

Senso de humor de alemão tem disso. Grande bosta ter uma bosta no caminho. O motorista engatou a ré na caixa seca no Ford F-8 e mandou bala. 

Segundos depois ouviu-se um grande estrondo. Aflito, o motorista saiu da boleia para conferir o estrago: tinha derrubado um poste. O Alfons ainda tripudiou.     

– Eu avisei que tinha um bosta, rapaiz! Tu tinha que ser mais cuitatoooso, uma veiz. 

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br

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