Ruy Castro
Ela negava que tivesse descoberto o sexo: "Apenas não o cobri"
Você sabe quem foi Mae West (1893-1980) e como ela se definia: "Quando eu sou boa, sou ótima. Mas, quando eu sou má, sou muito melhor". Se não sabe, ela foi uma estrela da Broadway e de Hollywood a partir dos anos 20, escritora, roteirista, cantora, símbolo sexual e alvo nº 1 da censura, da polícia e dos religiosos americanos por suas frases. Como esta: "Já estive em mais colos do que um guardanapo". Ou: "Tive tantos homens que o FBI devia me procurar quando quisesse comparar suas impressões digitais". Ou: "Eu nunca iria para a cama com um perfeito desconhecido, a não ser que ele fosse perfeito".
Seu cartão de visitas no cinema foi sua primeira frase em "Noite após Noite" (1932). A chapeleira a olha admirada: "Meu Deus, que diamantes lindos!". E Mae: "Deus não teve nada a ver com isso, querida". Um filme depois, Mae examina um homem de alto a baixo e sugere: "Dê uma subidinha e venha me visitar". E a um amigo que lhe dá um abraço: "Isso é um revólver no seu bolso ou você está só contente de me ver?".
Suas frases marcaram época: "Ama o teu próximo —e se ele for alto, moreno e simpático será muito mais fácil"; "Entre dois males escolho o que ainda não experimentei"; "Sempre evito tentações, exceto quando não consigo resistir".
Escreva "Mae West" no seu computador e o corretor ortográfico burro que mora dentro dele corrigirá para "Mãe West". Mae, mãe? Mae nunca foi mãe —sua independência não lhe permitia. Um dia, ela refletiu: "Durante algum tempo eu me envergonhei da vida que levava". "E você se corrigiu?", perguntou alguém. "Não", ela respondeu, "deixei de me envergonhar".
Em "Homem e Mulher até Certo Ponto" (1970), que ela fez aos 77 anos, um caubói muito alto se aproxima dela. Mae pergunta: "Qual é a sua altura, caubói?". "Dois metros e 18", diz ele. E ela: "Bem, esqueça os dois metros e vamos falar sobre esses 18 centímetros".
Fonte: Folha de S. Paulo - 18/06/2022
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