José Horta Manzano
A língua francesa formou o substantivo attentat tomando como base o verbo attenter, que é filhote do latino attentare. Em latim, o verbo significava pôr em prática qualquer meio para que uma coisa seja bem sucedida.
Nossa língua foi buscar o substantivo francês e o aportuguesou: virou atentado. O sentido continua bem próximo ao original. Em atentado, está embutida a ideia de tentativa. Como toda tentativa, tanto pode dar certo como não.
A vice-presidente da vizinha Argentina foi ontem vítima de um atentado. Um indivíduo apontou uma arma, tentou atirar, mas a bala não saiu. A vice-presidente teve sorte. O agressor, menos. Além de não ser bem sucedido, foi dormir atrás das grades.
Folha de São Paulo
O Globo
Já o Estadão escorregou. Tratou a notícia de “tentativa de atentado”. Além de soar complicado (tentativa de atentado), desvirtua a verdade. O que o agressor cometeu foi um atentado de verdade, não uma “tentativa”. Se não deu certo, é uma outra história.
Estadão
Se o redator fizer questão de qualificar o ato, pode falar em atentado falho, atentado fracassado, atentado infrutífero, atentado frustrado – ou outro adjetivo parecido.
Mas é bom não esquecer que, apesar de o agressor não ter conseguido chegar a seus fins, o ato foi um atentado de verdade, não só um ensaio ou uma tentativa.
Fonte: brasildelonge.com
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