Michael Viriato
Mesmo investidores com alta renda correm risco de não alcançar a independência financeira
Por meio de minha atividade nas últimas duas décadas, tive oportunidade de lidar com algumas centenas de investidores. Nessa pesquisa, verifiquei que existem dois fatores que explicam a razão de a maioria das pessoas não atingir sua independência financeira.
Todas as semanas, participo de reuniões com investidores e potenciais clientes que buscam orientação sobre suas aplicações. Faço isso há muitos anos e posso dizer que tenho experiência.
Alguns indivíduos têm uma renda muito baixa e sua renda é consumida na quase totalidade com o consumo do básico. Vivemos em um país de grande população com baixa renda. Apenas estes podem argumentar que a renda é o principal fator que os distancia da independência financeira.
Mas não é deles que estou falando neste artigo. Me refiro aos que possuem toda a possibilidade de atingir a independência financeira, mas não o fizeram ou ainda estão se distanciando desta meta por causa de dois fatores.
Em minhas entrevistas percebo que, mesmo aqueles que possuem uma renda elevada, também dizem que sua renda é consumida pelo básico. Eles argumentam que não sobra e sempre que poupam algo, a poupança é consumida com uma emergência.
Para estes, não importa que sua renda suba. Eles nunca vão conseguir poupar se não mudarem um hábito.
O que você diria para o diretor financeiro de uma empresa que diz que nunca consegue ter lucro e nunca sobra dinheiro por mais que suas receitas subam todos os anos?
O principal fator que separa aqueles que atingem a independência dos que não conseguem é saber criar uma diferença entre o valor que ganham e o valor que gastam e ter um planejamento financeiro.
Lidar com dinheiro não é algo natural para a maioria das pessoas. Ter disciplina de gastar menos e poupar mais é algo ainda pior.
Da mesma forma, ir à academia parece chato para a maioria das pessoas. Mas, se você perguntar àqueles que vão com frequência, você vai ter uma resposta diferente. Eu gosto de ir à academia. Vou todos os dias da semana e alguns fins de semana.
O hábito torna a ação prazerosa.
O mesmo ocorre com o hábito de gastar menos e poupar mais. Quem o adquire, segue feliz e fazendo cada vez mais.
Mas não basta começar a poupar. É preciso ter um plano de investimento.
O grande problema dos investidores que começam a poupar é que, por não terem um plano, não sabem como deveriam estar em cada momento.
Na matemática dos juros sobre juros, no início, parece que o portfólio se valoriza muito pouco. Assim, a maioria se desestimula e gasta toda a poupança com alguma "premiação" pessoal.
Se você tem um plano, entende em que ponto está no caminho para sua independência. Também, sabe que, se mantiver o hábito de gastar menos e poupar mais, vai alcançar a independência financeira.
Portanto, se deseja alcançar sua independência, crie um plano que mostre o que vai ter de investimentos em cada momento de sua vida e busque elevar a diferença entre o que ganha e o que gasta.
Fonte: Folha de S. Paulo
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