A construção de Joaquim José da Silva Xavier – popularmente conhecido como o “Tiradentes”, um herói para a República brasileira, se desenvolveu dentro de um quadro de transição política fortemente marcado por disputas entre monarquistas e republicanos.
A criação de uma festividade para Tiradentes como formas de dar visibilidade à imagem do mito de origem da República: “O feriado foi incluído no calendário brasileiro somente no ano de 1965, por meio da promulgação da Lei Federal nº 4.897, de 9 de dezembro.
Com a implantação dessa lei, Tiradentes foi oficialmente declarado patrono cívico da nação brasileira e, como forma de relembrar o seu “holocausto” e a sua “gloriosa” representação republicana, o dia 21 de abril foi decretado feriado nacional.
Para celebrar essa data, ficou também prescrito, em parágrafo único, que festividades deveriam ser programadas anualmente.
Com a instituição dessa lei no ano de 1965, Tiradentes passou a integrar o calendário brasileiro como sendo a única personalidade histórica a possuir um feriado em sua homenagem, visto que os outros feriados correspondem, ou a eventos políticos que marcaram um determinado período da história do Brasil, ou são de cunho religioso.
De todo modo, ao direcionar a atenção para a maneira como são comemoradas as festividades que integram o calendário brasileiro, é possível observar que no feriado do dia 21 de abril parece existir um desinteresse coletivo em torno dessa comemoração. Não se percebe uma compreensão consensual dos motivos que fizeram de Tiradentes um herói. No feriado, Tiradentes é geralmente lembrado, não como sendo herói da República, mas apenas como parte do movimento da Inconfidência Mineira. Além disso, as solenidades que marcam essa data ocorrem de forma localizada. Isto é, independentemente de esse dia ser feriado em todo o território nacional, Tiradentes é comemorado de fato em apenas algumas cidades brasileiras” (HYPOLYTI, 2019, p. 12).
Tiradentes foi criado a ideia de um “cristo” cívico. Pensada a partir de uma matriz cultural religiosa cristão para a aceitação pública de Tiradentes. Essa aproximação entre a figura de Jesus Cristo e a de Tiradentes esteve presente não apenas nas pinturas, mas na literatura, na historiografia e até mesmo nas condutas de comemoração. “Na pintura de Pedro Américo é possível observar os traços da crueldade contra o corpo de Tiradentes. O corpo esquartejado está estendido sobre o local em que Tiradentes fora enforcado. A cabeça de Tiradentes com sinais de sangue repousa na parte mais alta ao lado de um crucifixo. Sua face apresenta uma grande semelhança com a face de Jesus Cristo. Logo abaixo, a maneira como os pedaços do corpo de Tiradentes foram colocados lembra o formato do mapa do Brasil”. O dia 21 de abril pode ser pensado como uma data que, ao começar a ser celebrada no ano de 1890, marca um momento da história nacional que veio a reforçar o imaginário coletivo e a despertar a figura nacional, tendo como ponto de referência Tiradentes.
FONTE: Daniela Maria do Nascimento. Memória e Dissertação. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar Sociedade e Desenvolvimento ... ... ...
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