Pedro do Coutto
Juscelino foi um grande conciliador das contradições brasileiras
Na edição de terça-feira da Folha de S. Paulo, Hélio Schwartsman referiu-se à esperança como uma das maiores definições, uma espécie de ponte, que liga o povo ao panorama político, não só do Brasil, mas de qualquer país.
O ex-presidente Juscelino Kubitschek citava sempre essa frase a partir da convenção que o PSD antecipou para setembro de 1963, visando com a iniciativa desintoxicar o quadro político que no governo João Goulart estava se formando cada vez mais densamente no país.
ESPERANÇA – JK foi consagrado na convenção e afirmou que qualquer sociedade humana necessita de esperança sobre fatos que só a política é capaz de produzir. A frase me veio à mente quando li Hélio Schwartsman e cheguei à conclusão de que a afirmação de JK, o grande conciliador das contradições brasileiras, possui uma expressão muito maior do que a que observei, repórter do Correio da Manhã, na escolha de seu nome para um novo mandato.
Juscelino conciliou seu impulso desenvolvimentista com a morosidade paquidérmica do PSD. Conciliou os embates políticos com a liberdade absoluta. Enfrentou uma oposição terrível que tinha como figura principal Carlos Lacerda, ainda antes de sua posse, falando diariamente em programa da Rádio Globo.
Por uma dessas coincidências que surgem nas curvas da história, foi Juscelino em decreto assinado no final de 1959 que concedeu o canal para a TV Globo no país. A TV Globo começou a funcionar em 1965, constituindo-se com o tempo uma das maiores emissoras de televisão do planeta. Mas esse é um outro assunto.
OPORTUNIDADES – O fato é que a esperança situa-se em todos os campos da atividade humana. Pode ser a esperança que ele, JK, conseguiu fazer ao transformar o Brasil de país agrícola a uma nação também industrial. Com isso, surgiram oportunidades mais amplas. Saiu consagrado pela opinião pública em janeiro de 1961 e num trecho de seu discurso lembrou que Jânio assumiu o poder em condições muito diversas sob as quais ele, JK, assumiu.
Lembrou que para chegar à Presidência da República houve a necessidade de dois movimentos políticos militares. “O presidente que assume recebe agora um país pacificado e com a democracia acelerada”, afirmou. Juscelino não contava com o episódio da renúncia que abriu uma crise no país e que perdura até hoje.
Fonte: Tribuna da Internet
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