domingo, 12 de junho de 2022

CULPA DO JAPONÊS

Fernando Albrecht

Quem tem insônia ou dificuldades para dormir ouve rádio ou faz palavras cruzadas. Tem gente que pega no sono com o monólogo da mulher deitada ao seu lado. Só exige um treinamento, o de dizer “hmm” de vez em quando. Isso é programável.

Falando por mim, a TV é o maior sonífero que existe. O problema é que, nesta minha profissão, você é treinado para ver e captar palavras-chave, que imediatamente te deixam esperto.

Digamos que eu seja um ótimo cão treinado por Pavlov, ou como um dos tantos software de filtros de palavras-chave ou padrões de fluxo, e até da falta dele. Então eu vivia acordando bem na hora que começa aquele estágio do soninho gostoso.

Falei no tempo passado porque hoje nem durmo mais, desmaio. Voltando à vaca fria. Logo que surgiu a TV por assinatura, e descontado programas que realmente eu gostava e gosto de ver, eu deixava a TV ligada no canal de notícias japonês NHK.

É difícil entender qualquer coisa dos nipônicos, então aquele rosário de palavras monocórdicas e ininteligíveis me conduziam rapidamente para os braços de Morfeu. Até o dia em que meu software começou a ficar alerta até para japonês.

Deu-se assim: meu quase-sono fluía calmo e sereno quando aconteceu o desastre. Meu sono começava como as nuvens das Eternas Planícies dos índios norte-americanos quando uma palavra captada pelo meu sonar destruiu meu dormir, um som no meio de uma frase do âncora, umazinha só, mas destruiu meu dormir.

– …Brasil…

Desde aquele tempo não consigo mais dormir quando sintonizo no NHK. Como os computadores da NSA (National Securiry Agency, cujos computadores registram tudo) até a ausência de fluxo a alerta.

Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br

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