A POMBA AZUL
Fernando Albrech
O prefeito estava muito preocupado com a praga de pombas. Não havia maneira de mandá-las embora: a cidade estava tomada pelas aves, as pessoas não podiam mais caminhar pelas calçadas e nem conduzir seus carros pelas ruas. Já haviam gasto uma fortuna só para manter as ruas e calçadas limpas. Um dia, apareceu um desconhecido que procurou o prefeito. Foi direto ao ponto.
– Eu posso terminar com essa praga de pombas sem custo algum. Mas você deve me prometer que não vai fazer pergunta alguma. Se fizer, deverá pagar R$ 3 milhões para cada pergunta.
O alcaide considerou razoável a proposta, por ser totalmente gratuita. Aceitou. No dia seguinte, o homem se dirigiu ao terraço do edifício mais alto da cidade, abriu uma gaiola que carregava e tirou de dentro uma pomba azul. A pomba azul deu algumas voltas e subiu aos céus; todas as pombas da cidade começaram a segui-la. Em seguida a ave voou para fora dos limites da cidade, para bem longe, seguida por milhares e milhares das pombas que tanto incomodavam a população.
Depois, a ave voltou sozinha para o homem, que a esperava no terraço do prédio. Impressionado e satisfeitíssimo com o fim da praga, e mesmo que o homem tivesse garantido que o serviço seria gratuito, o prefeito sentiu o desejo de lhe fazer uma pergunta, mesmo que custasse R$ 3 milhões.
– Diga-me, bom homem, por acaso o senhor não teria também um pichador azul?
Fonte: https://fernandoalbrecht.blog.br
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