domingo, 23 de janeiro de 2022

COMO PREGAR UM BOTÃO E OUTROS SABERES ESQUECIDOS

COMO PREGAR UM BOTÃO E OUTROS SABERES ESQUECIDOS
Texto autoral: Karine Liz

 Com os olhos tranquilos de férias, percorro a @folhadespaulo. De repente eles se fixam no título "Como pregar um botão". Um sorriso um tanto incrédulo me vem à face. Como assim? É necessário se ensinar a pregar um botão?

Explico meu espanto: da cultura familiar que venho, da Serra Catarinense, há um conjunto de habilidades que nos era ensinado desde muito pequenos, que nos parecia ser um tão natural aprender como o era aprender a andar de bicicleta, a contar estrelas, a rir alto de algo bom. 
Era como se fosse uma pequena sacola de sobrevivência para a caminhada da vida.

Pregar botões, acender o fogo (fosse na lareira ou no fogão à lenha), cozinhar o básico para se virar, dançar com leveza, ouvir escutando o outro, cumprimentar a todos, respeitar a toda pessoa, especialmente os mais velhos, e por aí se seguia. 

Na época não me dava conta que nesse pacote vinham também outras lições: prudência, paciência, tolerância, persistência, constância, inovação, atenção, iniciativa etc.

Era chato, muitas vezes. Frustrante noutras. É raro se acertar de primeira. Até os movimentos se tornarem hábeis, até os olhos se tornarem astutos, até o paladar ficar refinado, até o toque ser sutil e elegante, até se ter cuidado para não se queimar, e se queimando cuidar da ferida, e mais difícil, mesmo com a cicatriz, recomeçar. Ver o outro como é, o ponto de vista do outro, aprender com o outro, e também ensinar o seu saber ao outro.

As coisas não são apenas as coisas em si. Vão muito além delas.

Hoje sou eu que tento passar essa mesma sacola de habilidades para minha filha. Sacola de sabedorias de muitas avós e avôs, de vivências temperadas de saberes e vivências que vão muito além de se saber colocar a linha na agulha, mas de se alinhar uma existência que valha a pena se viver. Tomara Deus que eu consiga.

Fonte: Facebook

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