Ruy Castro
Quais atores dispensaram a dentadura postiça para tornar suas interpretações mais realistas?
Outro dia, meu amigo Sérgio Augusto, no Estadão, referiu-se à sua mania de guardar informações que, quem sabe, poderiam servir para grandes pensatas no futuro. Exemplos: Bing Crosby era daltônico; Rex Harrison usava um olho de vidro; Clark Gable tinha orelhas de abano. Como essas pensatas não aconteceram, elas mofaram nos arquivos e, um dia, ao vir à tona, revelaram-se simples abobrinhas. Mas, se isso é consolo, Sérgio sabe que não está sozinho —também sou assim. Aliás, desde que nos conhecemos, em 1967, trocamos todo tipo de informações inúteis. Eis algumas.
Quem eram Issur Danielovitch, Tula Ellice Finklea e Marion Morrison? Respectivamente, Kirk Douglas, Cyd Charisse e, sim, John Wayne. E o que Wayne, Humphrey Bogart, Frank Sinatra, Bing, Fred Astaire, Gene Kelly e Sean Connery tinham em comum? Eram carecas e só filmavam de peruca. E Gloria Swanson, Lana Turner, Judy Garland, Carmen Miranda e Elizabeth Taylor? Apesar de imensas, mal passavam de 1,50 m.
Quem levou mais murros em cena em toda a história do cinema? Roy Barcroft, vilão em centenas de westerns B dos anos 40. Quais atores dispensaram a dentadura postiça para tornar suas interpretações mais realistas? Walter Huston, em “O Tesouro de Sierra Madre” (1948), e Walter Brennan, em “Onde Começa o Inferno” (1959). Por que Harold Lloyd era ainda mais impressionante ao escalar um arranha-céu em “O Homem-Mosca” (1923)? Porque na vida real perdera o polegar e o indicador da mão direita numa explosão.
De quanto era o Q.I. de Jayne Mansfield? 164 —maior até do que seus peitos. Quem era a Oomph Girl? Ann Sheridan, claro. E William Boyd? O Hopalong Cassidy, óbvio. E Sam Jaffe? Gunga Din.
Sérgio, de que nos adiantou saber tudo sobre Rory Calhoun, Vera Hruba Halston e Mickey Shaughnessy? Esse é o problema —vimos filmes americanos demais. E, infelizmente, filmes de menos com Debra Paget, Lola Albright e Tuesday Weld.
Fonte: Folha de S. Paulo
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