domingo, 19 de setembro de 2021

PROLIXIDADE E A DIFÍCIL ARTE DA SIMPLICIDADE E DA CONCISÃO
Texto e foto autoral de Karine Borges de Liz

Sabe aquela sensação de que algo lhe incomoda, mas não se sabe bem o que é?

Pois então, passei a observar e me deparei com um paradoxo interessante de nossa atualidade: as pessoas estão cada vez mais prolixas e cada vez com menos disposição para ouvir.

Percebam as entrevistas, por exemplo. É comum quem está a perguntar fazer uma longa introdução, seguida de uma justificativa também comprida, para só então fazer a indagação. Então, mal começa a outra pessoa a responder, e lá vem uma interrupção de quem acabou de perguntar, via de regra, longa e cansativa. E assim se segue um balé de atravessamentos de argumentos, quando temos sorte. Ou pior, uma luta de opiniões.

Notaram como as pessoas têm falado cada vez mais alto? E como se tem escutado cada vez menos em razão disso? Isso gera um grande desconforto, uma incomodação que inúmeras pessoas me confirmaram sentir quando questionadas sobre isso.

A simplicidade e a concisão são virtudes que não se confundem com o simplório e o incompleto. E talvez aí more a dificuldade em se alcançar de pronto essas qualidades.

O simples é inteiro, direto e belo em sua singeleza. A concisão é fluida e preza por dois bens inestimáveis: o tempo e a vida do ser humano que se dispôs a prestar a sua atenção ao seu semelhante. Não por acaso, juntas, simplicidade e concisão, costumam vir acompanhadas de sabedoria: “Atire a primeira pedra, aquele que não tiver pecado”.

A simplicidade e a concisão também não se confundem com a “lacração”, algo igualmente em voga. A lacração não passa de um metafórico “cala a boca” opinativo. É incompleta e prolixa em sua vaidade.

Vaidade. Talvez esse seja um dos principais elementos que, combinado a outros, tornaram as redes sociais um campo tão fértil à desinformação (fake news, como alguns chamam), e a desserviços de toda natureza. Simples assim. E complexo, por isso.

"A simplicidade é o último grau da sofisticação", já ensinou Leonardo da Vinci. Quanto dessa lição já aprendemos?

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