quinta-feira, 26 de agosto de 2021

OTIMISMO VERSUS NOVA VARIANTE

OTIMISMO VERSUS NOVA VARIANTE
Pedro Hallal

Precisamos ter paciência, mas hoje estamos mais próximos do final do que do início da pandemia

Em suas entrevistas coletivas diárias, o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta costumava alertar que a pandemia de coronavírus seria longa. Aliás, quanta saudade daquela época, em que um dirigente do alto escalão do governo federal dialogava abertamente sobre a crise sanitária com a população, passando informações realistas sobre a pandemia. Por mais que as notícias não fossem boas, havia um direcionamento, uma voz lúcida, que não escondia a realidade.

Passado um ano e meio, a verdade é que a pandemia está exigindo muita paciência de todos nós. Cada vez que os números começam a cair, surge uma nova variante e parece que voltamos à estaca zero. Se continuar nesse ritmo, todos saberemos o alfabeto grego do início ao fim.

Mas o motivo de eu escolher esse tema para a coluna de hoje é exatamente mostrar para as pessoas que não voltamos à estaca zero e estamos mais próximos do final do que do início da pandemia. Precisamos ter paciência, mas temos que reconhecer que a situação hoje é melhor do que a vivida alguns meses atrás.

Como a ciência vem dizendo há muito tempo, sairemos dessa pandemia salvos pela vacinação. Quando algo entre 70% e 80% da população brasileira estiver vacinado com as duas doses, a situação vai melhorar muito. O número diário de mortes, por exemplo, talvez seja contado em dois dígitos, e não mais em três ou quatro, como infelizmente nos acostumamos. Os serviços de saúde estarão mais tranquilos e, aos poucos, vamos aprender a “tirar a rodinha da bicicleta” e voltar a viver normalmente.

É possível, e até provável, que tenhamos que tomar uma terceira dose. Também é possível que, dentro de alguns meses ou anos, tenhamos que nos vacinar contra Covid-19 novamente. Sim, mas tudo isso será feito numa situação de normalidade, sem desespero.

Mas para chegar lá, precisamos relembrar alguns conceitos importantes:

1. A pandemia não acabou. Portanto, use máscaras, evite aglomerações, mantenha distância segura e higienize as mãos.

2. A vacinação precisa ser completa. Se você ainda não se vacinou, faça isso logo. Se você tomou a primeira dose e não tomou a segunda, faça isso logo. E tente convencer seus familiares e amigos a fazerem o mesmo. Ninguém estará seguro enquanto todos não estiverem seguros.

3. Se apresentar sintomas gripais, faça um teste de RT-PCR e peça para as pessoas com as quais você teve contato na última semana fazerem o mesmo. A testagem precoce evita a disseminação do vírus.

Essas mensagens são repetitivas, mas extremamente importantes para evitarmos uma nova explosão de casos. A variante delta segue causando estragos e colocando em risco os benefícios da nossa campanha de vacinação. Não é hora de baixar a guarda.

Por fim, eu não poderia deixar de repercutir aqui a mensagem da FDA (Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos), que relembra que a ivermectina não deve ser utilizada para prevenir ou tratar Covid-19. Embora isso seja de conhecimento público há meses, ainda há alguns insistentes que seguem expondo às pessoas a esse devaneio do tratamento precoce.

Fonte: Folha de S. Paulo

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