A VACINA E A DESINFORMAÇÃO
Julio Abramczyk*
Informações erradas de Covid-19 conseguiram substituir até as notícias falsas sobre câncer
O TRT-SP confirmou a demissão de uma auxiliar de limpeza de um hospital de São Caetano, no ABC paulista, que recusou tomar a vacina contra a Covid-19.
A demissão foi por justa causa, pois recusando o imunizante colocaria em risco a saúde das pessoas no seu local de trabalho, tanto funcionários quanto pacientes.
A Covid-19, que vem provocando a atual pandemia, está no topo da disseminação de desinformações sobre seu risco e perigos. Substituiu até as falsas informações anteriormente disseminadas para falsos tratamentos de câncer.
Pessoas de conhecimentos precários não estão sós como vítimas da desinformação sobre o coronavírus. Algumas figuras da sociedade também fazem parte desse grupo, reciclam e divulgam falsas orientações pela internet e pelo celular, que acabam chegando aos grupos menos privilegiados.
Na revista Online Information Review, Yang Cheng e Yunjuan Luo mostram que informações incorretas que provocam emoções negativas, como medo, preocupação e repulsa, são transmitidas e recicladas com mais facilidade nas redes sociais.
Psicólogos da Universidade de Cambridge, Reino Unido, apresentam na Harvard Misinformation Review um jogo online para tentar reduzir a suscetibilidade à desinformação política.
No jogo, os usuários aprendem cinco técnicas de manipulação: trolagem (insultos e humilhação) para provocar indignação; linguagem emocional para criar raiva e medo; bots (o robô que simula ações humanas repetidas vezes na internet) que ampliam o alcance da desinformação e os falsos seguidores; teorias de conspiração são espalhadas; polarização da audiência.
Um dos autores do jogo, Sander van der Linden, explica: “Tentar desmistificar a desinformação depois que se espalhou é como fechar a porta do celeiro depois que o cavalo fugiu. O que se deve é impedir a divulgação de notícias falsas em primeiro lugar”.
*Médico, vencedor dos prêmios Esso (Informação Científica) e J. Reis de Divulgação Científica (CNPq).
Fonte: Folha de S. Paulo
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