Myrthes Suplicy Vieira (*)
Como todos sabem, brasileiro é sempre muito bom para apontar os principais problemas do país mas não costuma se esforçar muito para encontrar soluções para cada um.
Tendo em vista o desânimo generalizado com as crises sanitária, econômica, social e política que vêm atrapalhando nosso sono, decidi sugerir algumas alterações no comando dos ministérios que poderiam ajudar a nos tirar do buraco em que nos metemos acidentalmente.
Convido a todos para acrescentarem suas próprias percepções e sugestões. Alerta importante: todas as indicações têm de ser feitas com base na expertisede cada ministro; apenas nomes técnicos serão considerados.
Mãos à obra:
Tira o Ernesto Araújo e põe o Pazuello nas Relações Exteriores: Ué, não é uma questão de logística colocar embaixadores em postos estratégicos para convencer os organismos internacionais multilaterais (como a ONU e a OMS) e os líderes do G-20 que o Brasil é exemplo de controle da pandemia? Pode ser que ele confunda a Albânia com a Alemanha (um lapso compreensível, considerando que o nome de ambos os países começa com Al), mas pra tudo dá-se um jeito no final, pode acreditar. Outro benefício é que ninguém vai nem notar a mudança de chefia do Itamaraty; afinal, esses dois países são comunistas e nós não queremos mesmo estreitar relações com essa gente.
Tira o Guedes e põe Salles na Economia: Ué, ele não é especialista em passar a boiada enquanto a imprensa está preocupada com o mimimi do negacionismo de Bolsonaro? Aproveita e deixa passar as reformas tributária, administrativa e política.
Tira a Damares e põe ela no Meio Ambiente: Ué, mulher sabe cuidar muito melhor das plantinhas.
Tira o Milton Ribeiro e põe o Augusto Heleno na Educação: Ué, ele não é especialista em segurança institucional? Quer área mais crítica que a educação para garantir que o futuro do país vai estar mais seguro nas mãos de um militar? Além disso, ele vai saber educar melhor nossa juventude a respeito da oportunidade e funcionalidade da decretação de um novo AI-5.
Tira o Marcos Pontes e coloca ele no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: Ué, ele já foi pro espaço e, portanto, já sabe que a terra é redonda, né? Por isso, ele vai ser muito útil para modernizar as diretrizes do ministério e colocar o Brasil de volta na rota da Renascença, em especial no que tange aos direitos humanos. Além disso, ele vai poder aplicar novas tecnologias na área dos direitos reprodutivos da mulher.
Tira a Teresa Cristina e põe ela no Ministério da Saúde: Ué, lá ela vai poder falar com muito mais propriedade sobre os efeitos benéficos dos gases estufa e dos agrotóxicos para fazer avançar os limites das áreas destinadas à pecuária e garantir uma alimentação mais farta e mais diversificada para as populações mais carentes, sem ter de pagar muito por isso. Além disso, ela deve ter muito mais experiência na vacinação em massa…mesmo que de bovinos.
Pronto, aí está. A lista de trocas sugeridas pode não ser exaustiva, mas certamente servirá de inspiração para a indicação de novas alterações ministeriais.
Nota para os pessimistas de plantão: Se nenhuma dessas trocas funcionar tão bem na prática quanto imagino, sugiro que se tire Bolsonaro e se coloque a neo-zelandesa Jacinda Ardern na presidência. O quê?? Não pode porque ela não foi eleita vice na chapa de 2018? Bobagem! Nada que o STF não dê um jeitinho, né não?
(*) Myrthes Suplicy Vieira é psicóloga, escritora e tradutora.
Fonte: brasildelonge.com
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