WHISKY IMPORTADO
Nossa estada em Uruguaiana demorou mais do que o esperado. Em face da distância e do adiantado da hora, seríamos obrigados a dormir no caminho. Por sugestão do Cláudio, resolvemos por um pequeno desvio de rota e nos programamos para dormir em Rivera, aproveitando para comprar algumas peças de lã e couro. Chegamos na cidade e fomos às compras, não sem antes registrar que a relação entre a nossa moeda e o peso uruguaio favorecia-nos em muito. Depois das compras e devidamente instalados no hotel saímos para jantar levando conosco a indicação de uma churrascaria onde serviam uma excelente parrillada. Em se tratando de carnes, as uruguaias nada ficam a dever para as argentinas, de modo que a sugestão foi seguida à risca. O Cláudio sempre gostou de um whisky como aperitivo e naquela noite não foi diferente. Ou melhor, foi diferente em certo sentido. Nossos pedidos foram feitos e o Cláudio recomendou que lhe servissem whisky importado. Ao primeiro gole o Cláudio estranhou qualquer coisa e comentou que não havia gostado da bebida. Chamou o garçom e pediu para que lhe trouxesse o litro do whisky que lhe havia servido. O garçom já andava meio impaciente mas, como em qualquer lugar, o cliente sempre tem razão. Momentos depois ele retornou à nossa mesa.
- Mas tu me serviste um Old Eight! disse o Cláudio meio indignado, ao que o garçom, agora com ar triunfante, respondeu:
- Desculpe senhor. Mas o senhor pediu um whisky importado e este é importado do Brasil, e portanto, para nós uruguaios, trata-se de um produto importado.
Como bom perdedor, o Claudio aceitou a explicação e pediu que lhe servisse uma dose de Balantine, para evitar novos contratempos.
A carne estrangeira que degustamos a seguir compensou o pequeno vexame. Apresentada a conta, o Cláudio foi bastante generoso com a propina, gorjeta para nós, compensando, assim o garçom pelas impertinências, e por que não dizer, pela presença de espírito ao levar a melhor na questão da bebida importada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário