domingo, 21 de fevereiro de 2021

DETEFON

O Jépe, forma reduzida de Giuseppe, na verdade se chamava Josué. Fomos colegas nos tempos do primário, embora contasse com alguns anos a mais do que nós, seus colegas. Ele tinha algumas limitações de aprendizagem, cuja conseqüência, dentre outras, era a reprovação em final de ano. Mas era boa gente.

Certa manhã ele chegou atrasado, mas foi admitido à sala de aula sem maiores problemas. Tão logo adentrou ao recinto, todos sentiram o cheiro de inseticida, daqueles que eram utilizados para espantar mosquitos durante a noite, sem o que, era quase impossível dormir.

A professora, mais experiente, aproximou-se do Jépe, e identificando a origem do odor, foi logo indagando:

- Josué, você tomou banho com detefon?

A classe toda caiu na gargalhada. Ele então explicou:

- Professora, eu não conseguia dormir. Tinha muito mosquito no meu quarto. O detefon da maquininha era pouco para espantar os mosquitos. Então, eu resolvi passar detefon nos cabelos e só aí eu consegui dormir.

Na hora do intervalo o Jépe veio falar comigo para confirmar se o cheiro era muito forte. Pior que era.

Não preciso dizer que a partir de então, ao menos no âmbito do grupo escolar, o Jépe passou a carregar o apelido de Detefon, mas não por muito tempo. Logo ele foi para o Exército onde seu nome de guerra voltou a ser Josué.

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