domingo, 13 de setembro de 2020

VELHA SENHORA


Na nossa casa paterna há uma nogueira que já produziu muitos frutos. Nosso pai, com muita paciência sempre colhia os frutos que caiam por terra. Algumas nozes ele as colhia na própria planta para retirar a casca ainda verde com a qual preparava um saboroso licor. Na Páscoa, nos presenteava com um substancial pacote de nozes.

Além dos frutos, a nogueira nos proporcionava uma sombra magnífica a amenizar as tardes de verão.

Papai partiu e não há mais o tradicional presente de Páscoa. A nogueira, como que sentindo a ausência do nono Lodovico, definha desde então. Hoje, com bem mais de setenta anos, visivelmente ela vai se despedindo da vida. Seus frutos são raros e a sombra é quase nenhuma.

Certa feita, ainda adolescente, meu tio Bepi Rigotti, que nos visitava com  muita frequência, me disse que aquela era uma árvore inteligente, pois enquanto o frio não acabasse definitivamente, seus brotos não apareceriam.

Passei a observar a nogueira e de certa forma tinha procedência o que dissera meu tio. Ao menos já não ocorriam geadas após o início da brotação.

Sabedoria popular ou não, o fato é que os antigos, até por necessidade, observavam mais e interpretavam melhor os sinais da natureza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário