USOS E NÃO USOS DO ARTIGO DEFINIDO E INDEFINIDO (1)
No Brasil é grande a preocupação
com a crase, mas poucas pessoas se dão conta de que conhecer bem o
artigo é imprescindível para se fazer bom uso do acento indicativo de
crase. O artigo é a palavra que introduz o substantivo, indicando-lhe o
gênero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
O artigo definido – o, a, os, as – individualiza, determina o substantivo de modo particular e preciso. Designa um ser já conhecido do leitor ou ouvinte. Exemplos:
- O violino está desafinado. [referência a um instrumento específico, seja o meu ou o seu, enfim aquele já mencionado]
- A lâmpada queimou. [a apontada ou a única no local]
- Falei com os meninos. [meninos já conhecidos do falante]
- Vimos as estrelas no telescópio. [as estrelas de que falávamos antes]
O artigo definido também é empregado para indicar a espécie inteira;
isto é, usa-se o singular com referência à pluralidade dos seres:
- O homem é mortal. [ = todos os homens]
- A acerola contém grande quantidade de vitamina C.
- Dizem que o brasileiro é cordial.
O artigo indefinido – um, uma, uns, umas – determina o
substantivo de modo impreciso, indicando que se trata de simples
representante de uma dada espécie. Designa um ser ao qual não se fez
menção anterior. Exemplos:
- Um violino está desafinado. [um dentre os vários da orquestra]
- Uma lâmpada queimou. [uma das diversas existentes no local]
- Falei com um menino. [não é particularizado]
- Vimos uma estrela no telescópio. [uma representante da espécie]
- Marcos deve ter uns quarenta anos. [aproximação]
Por questão de estilo, evita-se a utilização frequente de um, uma.
O abuso do artigo indefinido torna a frase pesada e deselegante.
Observe nos períodos abaixo como certos artigos são desnecessários:
- A menina ganhou (uns) lindos brinquedos.
- Recebemos do interior de São Paulo (uns) pêssegos maravilhosos.
- O funcionário está respondendo a (um) processo por malversação de dinheiro.
- “Sou muito feliz por ter (uns) pais como vocês”, escreveu a criança.
- Ter (uma) boa saúde é fundamental.
- Colocar um coração de (um) babuíno em um recém-nascido foi (um) ato tão ousado quanto atravessar o Atlântico a nado.
É mais elegante deixar fora o artigo indefinido antes de pronome de sentido indefinido, como "tal, certo, outro":
- Vi Laura em (uma) tal consternação que achei melhor ficar quieto.
- Encontrei (uma) certa resistência quando sugeri que discutíssemos o assunto em (uma) outra ocasião.
- Acabei não mencionando (um) outro caso interessante.
Em alguns casos nem o pronome indefinido é necessário:
- A neve e o vento glacial alteraram a paisagem europeia e não pouparam país.
Está certa a ausência do artigo, pois significa que nenhum
país (da Europa) foi poupado no pior inverno dos últimos anos. É
importante notar que a indefinição se faz mentalmente – não é preciso
constar explicitamente o artigo ou o pronome indefinido. Caso a
reportagem estivesse se referindo só à Inglaterra ou à Suécia, por
exemplo, o redator teria escrito “não pouparam o país”.
Entretanto, o artigo indefinido é usado como reforço em expressões exclamativas:
- Foi uma alegria te ver. O desfile foi um horror!
Fonte: www.linguabrasil.com.br
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